segunda-feira, 7 de abril de 2008

CHICO BUARQUE - CARIOCA AO VIVO EM DVD



Dizem que notícia velha não faz sentido em ser divulgada. Mas eu não tô noticiando, eu tô é dando uma dica, e muito boa pra quem aprecia música!

No final do ano passado, Chico Buarque de Hollanda lançou o dvd "Carioca Ao Vivo", show da turnê do disco homônimo lançado em final de 2006. Neste show, Chico toca o disco "Carioca" na íntegra e ainda relembra clássicos há muito tempo fora do seu repertório de shows e outros nunca gravados por ele. O show foi gravado em São Paulo e o set list é o mesmo de toda a turnê que rodou o Brasil e alguns países da Europa. Eu estive presente no show dessa turnê aqui no Canecão e digo que além de maravilhoso, a qualidade da obra se manteve impecável! Segue aqui uma pequena resenha do espetáculo registrado no dvd:

Abrindo com "Voltei a cantar" de Lamartine Babo, o que pra Chico é uma boa referência, visto que o último ano em que ele fez um show foi em 1999, na turnê do disco "As cidades", que também rendeu um cd e dvd ao vivo. Após essa breve introdução, Chico emenda "Mambembe", do filme "Quando o carnaval chegar" e que foi uma agradável surpresa! Em seguida, já entrando no disco novo, vem "Dura na queda", previamente gravada por Elza Soares.
Após o seu já conhecido e tímido boa noite para o público, a banda começa "O Futebol", onde Chico faz rimas de primeira qualidade enaltecendo o esporte mais popular do Brasil.
Em seguida, começa a introdução de "Morena de Angola", outra surpresa! Destaque para o instrumentinho (desculpem a minha ignorância por não saber o nome) que Chico usa na parte onde Clara Nunes fazia aqueles gritinhos. Muito legal!

De volta a "Carioca", começa uma seqüência com 5 canções do disco: "Renata Maria", rara parceria de Chico com Ivan Lins. Uma música um tanto morna na minha modesta opinião. "Outros sonhos" é deliciosa! É possível sentir na melodia tudo o que a letra diz, e também o canto do passarinho espanhol na flauta e nos versos em espanhol ao fim da canção que Chico canta. Muito boa! Após essa, Chico canta em dueto com a vocalista/tecladista de sua banda, Bia Paes Leme, uma de suas melhores parcerias com Tom Jobim, "Imagina", originalmente feita em 1983 para o filme "Para viver um grande amor" de Miguel Faria Jr. Linda canção, belíssimo dueto, me arrisco a dizer até melhor do que o com Mônica Salmasso que está gravado no disco. Logo depois, temos "Por que era ela, por que era eu", tema do filme "A Máquina" e o fim da seqüencia com a suave "Sempre". Fechando essa parte de músicas tristes e suaves, a belíssima "Mil perdões", uma canção bem Rodrigueana e há muito tempo não executada, levou os presentes ao delírio!

Agora Chico viaja nos clássicos de trilhas que fez para teatro. "A História de Lily Brown" foi uma surpresa arrebatadora! Chico nunca gravou essa canção, que foi originalmente gravada por Gal Costa no disco do musical "O Grande Circo Místico", de Chico e Edu Lobo. Um arranjo de blues de primeira qualidade por parte da banda e aquela interpetação singelamente Buarquiana. Em seguida, outra surpresa: "A bela e a fera", do mesmo musical e gravada originalmente por Tim Maia e nunca gravada por Chico. Belas pedidas! Depois dessa, mais uma surpresa: "Ela é dançarina", um fofo sambinha canção do disco "Almanaque", com uma letra cheia de rimas de primeira!

De volta a "Carioca", chico executou 2 das melhores do disco: "As atrizes" e a carioquíssima com clima de bossa nova "Ela faz cinema". E carioca e Bossa Nova lembram Tom Jobim e eis que Chico, para delírio de muitos, desenterra uma de suas melhores parcerias com Tom: "Eu te amo", imendada por "Palavra de Mulher", do filme "Ópera do Malandro" de Ruy Guerra. Chega a vez do bolero "Leve", composição antiga de Chico com Carlinhos Vergueiro, para a filha dele gravar no disco dela, mas que Chico nunca havia gravado e resolveu gravar em "Carioca". E depois, como sempre faz com um de seus músicos a cada disco novo lançado, homenageou seu baixista Jorge Helder com a linda "Bolero Blues", 1° parceiria dos dois. E fechou esse bloco de boleros e melodias finas com a clássica "As vitrines".

Novo bloco, mais uma canção de "Carioca". "Suburbio" faz um passeio por bairros do Rio nunca citados em músicas de Chico ou da galera de sua geração. E é tão lírica e gostosa de se ouvir, mesmo tempo um palavrão (foda) no meio, soa com uma graciosidade intensa como só Chico sabe fazer! Logo após, Chico emenda "Morro dois irmãos", outra surpresa há muito tempo não cantada. Em seguida, um clássico do disco "Paratodos", que nunca fica fora dos shows: "Futuros Amantes", cantada em uníssono pela platéia.

Quando muitos pensavam que era o fim, Chico surpreende com outro clássico que há anos não tocava: "Bye Bye Brasil", parceria com Roberto Menescal do filme homônimo. Depois, veio "Cantando no toró" do album de 87 "Francisco", e em meio aos versos de "festa acabada e músicos a pé", ele apresentou sua fantástica banda e chamou o baterista Wilson das Neves, onde dividiram os vocais em "Grande Hotel", parceria de Chico com o baterista feita em 1997 e nunca gravada por Chico. Destaque para a simplicidade e alegria de Wilson das Neves sambando ao lado de Chico, que mesmo tímido, fica nitidamente emocionado por estar homenageando seu baterista. Um momento apoteótico deste show!

E pra encerrar a primeira parte do show, mais duas músicas de teatro: "Ode aos ratos", do musical "Cambaio" gravada em "Carioca" (e por sinal, a última música do disco no show) e "Na Carreira", que abre o musical "O Grande Circo Místico". Ambas parcerias com Edu Lobo. Chico se retira do palco, mas todos sabiam que ele voltaria.

Nitidamente feliz e emocionado, Chico manda o clássico samba de Geraldo Pereira que ele gravou no disco "Sinal Fechado" e que ficou com um ar Buarquiano: "Sem Compromisso" e emenda logo em seguida com "Deixe a Menina". Ambas foram cantadas com entusiasmo pela platéia. Final de show, hora de clássicos e "Quem te viu quem te vê" não ficaria nunca de fora e as vozes femininas da platéia ecoam bem alto. Chico se retira mais uma vez e o côro de "mais um" começa a ecoar. Um show de Chico sem "João e Maria" jamais seria completo e todos sabem disso. E o nosso caro amigo não deixou o público na mão, encerrando a noite com esse belo clássico!


33 músicas, Chico Buarque e banda em plena forma, um registro de show feito com muita qualidade e naturalidade sem o apelo de recursos técnicos e obra obrigatória na prateleira de um bom apreciador de música, fã do cara ou não! Disponível em Cd e Dvd (e claro, na internet também...). Eu recomendo!!!

Um comentário:

Erika Liporaci disse...

Não existe notícia velha quando o assunto é o queridíssimo Chico Buarque. Seu show Carioca e o DVD deste devem ser relembrados sempre.

Quanto à música Mil Perdões, ela é rodrigueana sim. É tema da versão cinematográfica de Perdoa-Me Por Me Traíres.

No mais, parabéns pelo blog. Os blogueiros ainda vão dominar a cultura on-line!

Beijos