segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Queen + Paul Rodgers - 29/11/2008: Rio de Janeiro (HSBC Arena)

Dizem que quem é Rei (no caso, Rainha) nunca perde a majestadade. E que o Rio de Janeiro teve uma série de espetáculos internacionais de bom nível de Rock N´Roll nesse ano de 2008, ninguém discute. Porém, o que ninguém jamais esperava era que o Queen viesse parar nas terras tupiniquins depois de 23 anos. E ainda por cima, trazendo consigo o amigo Paul Rodgers, para a divulgação e turnê do disco “The Cosmos Rocks”, o 2° da parceria entre a banda e o vocalista. Como bom fã de ambos, eu não poderia ter perdido essa oportunidade, que eu espero desde os meus 16 anos de idade, quando conheci o Queen, banda com a qual possuo uma profunda ligação emocional pelas letras e músicas.

Antes de começar a falar do show, já sei que muita gente vai indagar ao ler o meu primeiro parágrafo: “Como assim? Você tá falando do Queen, mas não citou em momento algum o Freddie Mercury?”. Já que é inevitável, vamos lá. Infelizmente, eu tinha 8 meses e 10 dias de vida quando a banda veio ao Rock N´Rio em 1985 na turnê do “The Works”, e não era nem nascido em 1981, quando vieram a São Paulo na turnê do “Hot Space”. Quanto a Freddie, eu não esqueci dele e nem gosto menos dele do que dos outros membros da banda. Não me enquadro no grupo de “fãs” que enchem a boca pra dizer que “Queen sem Freddie Mercury não existe”. Apesar de não ter assistido o mito cantar ao vivo e de não fazer parte da geração a qual ele encantou durante os anos 70 e 80, eu conheço muito bem o trabalho da BANDA (pode-se dizer com isso que incluo Freddie nessa). Nunca vi e nunca verei Freddie Mercury como Deus e os outros três como a banda que tocava pra ele. Queen eram 4 pessoas completamente diferentes uma das outras, com influências musicais muito distintas e que tinham uma química muito boa, a ponto de conseguir encaixar o estilo de cada um nas composições individuais e soar como uma unidade. Acredito que a fórmula do sucesso musical da banda veio daí. Claro que no palco, Freddie roubava a cena. Era inevitável. O cara nasceu pra isso, ele era um showman nato, colocava a platéia nas mãos e brincava com ela, se divertindo pra valer, se destacando naturalmente e atraindo todos os holofotes pra si, além de cantar brilhantemente como poucos. Eu lamento muito não tê-lo visto ao vivo, porém, por ser fã da banda e conhecer bem os trabalhos, posso dizer que conheço o estilo do Freddie e sei fazer a distinção do Queen antingo e do Queen atual.

Aí vem a polêmica: Por que Queen? Segundo Brian May: “Não usar esse nome significaria ignorar completamente que nós tivemos um passado.” Concordo! Quem fez esse passado glorioso, hoje enaltecido por uma geração de pessoas que sequer eram nascidas na época do auge da banda e por fãs radicais, não foi o Freddie Mercury sozinho. Aí caímos naquela questão: John Deacon não está ao lado de Brian May e Roger Taylor nessa nova empreitada. Uma pena! Ele não quis ficar no cenário musical, quis viver outra vida, longe de tudo que fez no passado. É um direito de escolha do cara não é? Ou vale ficar a pena perdendo tempo especulando se foi porque o uso do nome Queen e o uso de outro vocalista é uma apelação comercial pra ganhar dinheiro as custas de um passado brilhante, que supostamente deveria ser enterrado com Freddie, quando o mesmo nos deixou em 24 de Novembro de 1991 (há 17 anos atrás), vítima da AIDS? Não importa! Brian e Roger estão vivos, e muito bem! Tocando como nunca! Qual foi o grande legado que Freddie deixou em “Innuendo”? “O show tem que continuar!”. Remetam-se a questão de que no auge, a banda viajava em aviões separados, pois em caso de algum acidente, os outros permaneceriam vivos e continuariam com o legado criado e imortalizado pelos QUATRO! Podem observar que, após a turnê de "A Kind of Magic", quando Freddie teóricamente adoeceu e cada um fez os seus projetos solos em paralelo, a banda não acabou (apesar do nível musical dos dois últimos discos com Freddie terem caído de padrão consideravelmente). Peguem 3 músicas do último disco com Freddie vivo, o "Innuendo": The Show Must Go On, These are the days of our lives e a própria Innuendo. Analisem nas letras o que Freddie canta ali e pensem se não era uma vontade dele que a banda seguisse, pois o próprio, apesar das conhecidas crises de estrelismo que tinha fora do palco, em relação a banda, nunca demonstrou (pelo menos não publicamente) que era um ser superior. John não quis continuar tocando, mas nem por isso, Brian e Roger deixam de representar o Queen pelo que foi e pelo que ainda pode ser.


E quanto a Paul Rodgers? Quem é? Muita gente não sabe né? Claro, ele nunca foi um cantor popular, apesar de bastante conhecido no cenário musical do Rock, e já estava na ativa antes do Queen ser formado. Rodgers foi fundador de uma das melhores bandas inglesas de Classic Rock, o Free. Essa banda influenciou muita gente boa nos anos 70 (inclusive o próprio Queen). E após o fim do Free, Rodgers ainda montou outra banda, o Bad Company. Um cantor de qualidade e potencial indiscutíveis, um grande performista ao vivo e de estilo completamente oposto a Freddie Mercury. Outra pergunta: Por que ele foi escolhido, ao invés de alguém com voz ou estilo semelhante ao de Freddie, como George Micheal ou Robbie Williams (entre outros nomes já especulados)? Novamente voltamos a questão inicial: Queen é uma banda. Freddie era o vocalista. Queen + Paul Rodgers é uma banda que precisava de um cantor e um cantor que precisava de uma banda. Ponto!

Lógico que questões comerciais são questionáveis pelo uso do nome Queen sem os dois integrantes fundadores. Mas mesmo assim, por que não usar? E qual é a intensão ao colocar um cara supostamente desconhecido cantando músicas do Freddie? Aí é que quem não tem conhecimento pra falar e enche a boca pra criticar, entra pelo cano! Ninguém está substituindo ninguém! A maioria das músicas do Queen que eles tocam ao vivo e que Rodgers canta, não são do Freddie, e sim de Brian, John e Roger. E já que, com Freddie vivo e por razões obvias, nos shows, o destaque principal era ele. Mas e agora? Freddie se foi. Uma pena, que Deus o tenha! Mas os caras estão aqui e tem muita lenha pra queimar e potencial ao vivo que talvez nunca tenham tido a chance de mostrar como estão tendo agora. Paul Rodgers não é o único que está cantando na banda. Brian May e Roger Taylor, que sempre cantaram músicas nos discos do Queen, além de fazer vocais de fundo maravilhosos nos discos e ao vivo, também cantam suas próprias músicas, coisa que pouco faziam nos shows com Freddie, conforme eu já disse, por razões obvias. Querem mais argumentos? Brian tocando música de sua carreira solo. Mais algum? Queen, a banda, tocando músicas do Free e do Bad Company, dando espaço para Paul. Aí eu pergunto: Tem alguém substituindo alguém aí? Ou tem uma banda querendo voltar a ativa, mas que, por ter um passado glorioso que não pode ser ignorado, deveria se esconder por trás de um mito popular?

Não amigos, Queen + Paul Rodgers é outra coisa. E não dá pra comparar, são duas coisas muito distintas e únicas! E quem conhece bem os trabalhos de Brian May, dentro e fora do Queen, sabe que as raízes musicais dele se combinam muito com as de Paul Rodgers (claro, quem conhece as bandas do Paul sabe disso também). E Roger Taylor nessa história? Todos sabemos que ele e Brian May sempre foram muito bem introsados, e após a morte de Freddie, quando ambos vaguearam muito pelo final dos anos 90 e início de 2000, participando de trocentos mil tributos, sem objetivo e sem saber o que fazer pra voltar com o Queen, os dois ficaram muito unidos e não poderiam deixar de entrar numa empreitada juntos. A prova disso é que essa parceria com Paul Rodgers em 2005, já rendeu um Cd/Dvd ao vivo, o maravilhoso "Return of the Champions", resultado de uma turnê de experimentação super bem sucedida em toda Europa, e agora, um disco novo, com material inédito e composto em parceria. O que há de errado nisso? Nada!

É natural que mais músicas do Queen sejam incluídas no repertório, afinal, mesmo tendo mais tendo mais tempo de estrada, Paul nunca teve a metade da popularidade mundial do Queen. Ele se adaptou a banda e a banda se adaptou a ele. Em momento algum existe tentativa de imitação de Freddie, e novamente eu realço: São pouquíssimas músicas que Freddie compôs no Queen que são tocadas no show. Isso é respeito e preservação pela memória do amigo, músico e ídolo, e uma questão de respeito aos fãs do Freddie, da banda e uma questão também de respeito próprio, pois Freddie era único e uma tentativa de imitação do mesmo por parte de qualquer cantor e com concentimento da banda, seria passar por cima de toda ideologia que eles sempre pregaram ao longo de sua carreira! Claro que é impossível não citar ou homenagear o Freddie durante o show. O cara fez parte daquilo ali, e ignorar que ele existiu seria impossível. Por isso, durante o show, existe o momento reservado para homenagear o grande cantor, ídolo das multidões, amigo pessoal e colega de banda. Enfim, chega de comparações! Só queria deixar claro antes de começar a descrever o espetáculo brilhante que assisti, para que a pessoa que vier a ler o que estou escrevendo não pense que eu sou mais um da nova geração que está falando o que está falando por não conhecer Freddie Mercury ou por não tê-lo visto ao vivo. Infelizmente, não tive o prazer de assistir nem Freddie e nem John, mas o legado dos caras está aí e quem conhece só o populacho que a mídia vende (como Greatest Hits e Collections da vida), eu sugiro que busque as raízes da banda pra enteder do que estou falando e do que ainda vou falar.

Bom, vamos ao show. Mega produção, como sempre, com direito a palco gigante e uma rampa de acesso para ficar perto da platéia. Preço absurdo, como sempre. Local super contramão, como sempre. Enfim, Rio de Janeiro, shows de Rock, geralmente é isso. O preço tava salgado até pra quem tinha meia entrada. Não lotou, graças ao preço, a má divulgação, ao anúncio em cima da hora e outros fatores. Mas não vamos ficar discutindo isso, senão é mais um discurso que eu vou ter que fazer sobre o porque dessas coisas acontecerem. Mas não posso deixar de dizer que dei sorte (sorte pra mim e azar pra quem pagou a pista vip), pois graças ao preço salgado da pista vip, a mesma ficou vazia, e acabou sendo aberta para a pista pobre (onde eu me encontrava) e isso me permitiu acesso a boca do palco, ou melhor, da rampa, de onde vi tudo de perto com perfeição! Como eu disse, se a gente for debater questões de preços e organizações de shows no Rio, vamos entrar em uma discussão longa e fora do foco do assunto em pauta.














O show estava marcado para as 22:00. Como no Brasil nada começa na hora, houve 30 minutos de atraso, e graças a Deus, não teve banda de abertura! O show começa com a imagem de The Cosmos Rocks, e vários efeitos sonoros, raios, trovões, efeitos futuristas no estilo “Dobra Espacial” de Jornada nas Estrelas. E fica aquela expectativa: “O que que eles vão tocar? Como vão abrir?” E foi em grande estilo. Antes da banda entrar no palco (não dava pra ver, pois fica tudo escuro e o teto do HSBC Arena ficou todo cheio de estrelas), ouvimos o riff de “Now I´m Here”. Fiquei extasiado com a possibilidade do show abrir com essa música e ouvir Rodgers cantando ela. Mas foi só um trecho do riff. Banda no palco. Música: “Hammer to fall” (autoria: Brian May). Começou bem, mas foi só um trechinho, pra depois começarem uma música que põe todo mundo pra pular e que é uma das clássicas do Rock estilo Queen: “Tie your mother down” (também de Brian May), e cantada no estilo Paul Rodgers, ficou forte, potente e animou a galera. E a partir daí, foi uma sucessão de clássicos do Queen. “Fat Bottomed Girls” (outra de Brian) mostrou o quanto os vocais entrosados permanecem como característica da banda, visto que não só Roger, Brian e Paul fazem esse côro juntos, mas os outros três integrantes (falarei deles mais a frente) também. E a música não pára! “Another one bites the dust” (John Deacon), “I want it all” (do disco “The Miracle", nunca tocada ao vivo com Freddie) e “I want to break free” (John Deacon) extasiaram todo mundo. Minha única ressalva negativa foi não terem dedicado nenhuma das músicas do John pra ele, afinal, essas duas músicas que são mega-hits são de autoria dele. Enfim...

















Nessas músicas, percebemos algumas mudanças de arranjos sem mudar a base e de como Paul se adaptou bem a elas, e de como elas foram bem adaptadas a Paul. O cara também é um showman, e canta muito! A platéia já estava conquistada. No meio dessas músicas, Brian fez um agradecimento ao Rio, e ainda tentou falar em português.
Mas ficar só no passado não dá. E já que “The Cosmos Rocks” foi um disco novo gravado pela banda e pelo vocalista, o ideal seria apresentar alguma coisa desse material (infelizmente foi pouca coisa, porque mal ou bem, o passado acaba sempre falando mais alto. É inevitável). Tocaram o single “C-Lebrity” e a ótima “Surfs Up Schools Out”. Ótimas músicas, em especial a última, que lembra um pouco o Bad Company e mostra claramente o entrosamento entre o vocalista e a banda, que continua competente e em grande forma, ao contrário de outros contemporâneos já decadentes e que ainda insistem em apelar pro passado sem ter condições de fazer. Enfim...
Hora dos momentos solos. Paul foi apresentado por Brian May: “Por favor, aplaudam o nosso amigo que está aqui para cantar umas canções com a gente: Paul Rodgers”. E o cara ficou sozinho no palco com um violão, e cantou a belíssima “Seagull” do Bad Company. Isso mostrou a competência do cara, o passado dele, o fato de além de ser um puta cantor, ainda toca bem uma viola, e de novo vem a questão: o espaço é do Queen + Paul Rodgers. Após isso, Paul chamou ao palco o seu amigo, o “Doutor Brian May”(pra quem não sabe, Brian concluiu recentemente sua tese de Doutorado em Astronomia). Indo para a frente do palco, na rampa, Brian pegou seu clássico violão de 12 cordas e fez um agradecimento a toda a equipe pelo maravilhoso espetáculo que estavam podendo proporcionar ao mundo ao longo dos três meses dessa turnê. E em seguida, agradeceu ao Rio pelo carinho e hospitalidade e preparou todo mundo pra se emocionar.

















Brian disse as seguintes palavras: “Eu ainda consigo me lembrar de vocês cantando em 1985. Então vamos cantar mais uma vez para os amigos ausentes. Vamos cantar para o Freddie.” E eis que ele começa “Love of my life”, levando muitos da platéia as lágrimas, por mais que todos soubessem que ele ia fazer isso, pois fez em São Paulo e faz desde sua carreira solo. Enfim, uma bela e justa homenagem, pois quem ficava sentado ao lado de Freddie tocando essa música, era o próprio Brian, e ninguém melhor do que ele pra cantar e homenagear o amigo nessa canção. É um momento lindo do show que não tem como não emocionar, visto que o próprio não aguentou e se emocionou junto. Mas não parou por aí! Eis que um roadie da equipe chega no palco e coloca um bumbo do lado de Brian. Isso não seria atoa. Roger Taylor é chamado pelo amigo e entra todo elegante, de branco e usando uma gravata preta (meio brega na minha opinião, mas isso é só um detalhe). E então Brian pede pra todos cantarem com eles e começa os acordes de “39”, belíssima composição de sua autoria, gravada no “A Night at the opera”. No refrão da música, Brian pára de tocar e deixa o público cantando (confesso que eu me esgoelei nessa hora, pois eu amo essa música!). Agradecendo, ele diz que está tudo ótimo, mas parecia estar faltando algo mais na música. Então ele chama o resto da banda ao palco (a exceção de Paul). Entram o guitarrista Jamie Moses (que fez parte da banda solo de Brian, e se encaixou como uma luva nessa formação do Queen com 2 guitarras), o “5° Membro” do Queen, o tecladista Spike Edney (que sempre tocava teclado nos shows do Queen nos anos 80, geralmente bem escondidinho, sem mostrar a cara, e que também tocava na banda solo de Brian, e agora, finalmente veio pra frente do público) e o Baixista Danny Miranda. O que eles fizeram foi algo realmente inesperado. Jamie estava com um violão, Danny com um baixo acústico (daqueles que se toca em pé e que parece um violãocelo) e Spike estava com um ACORDEOM (sim, uma sanfona mesmo!). E microfones foram colocados pra eles também. Brian pede pra platéia continuar e os 5 juntos dão seqüência na 2° parte de “39” que ficou IDENTICA e até melhor que a do disco (quase infartei quando vi isso! rsrsrs)
















Todos saem do palco, exceto Roger e Danny. Roger, apenas com as baquetas e um bumbo colocado na rampa, começou a brincar e se virou pro baixo de Danny. Enquanto o baixista tocava as notas, Roger usava as baquetas e tocava o baixo. Nunca vi isso! Muito louco! O baterista fazendo um solo de baixo junto com o baixista, e usando as baquetas pra tocar enquanto o cara dava as notas. Muito original e muito bom! Claro que no meio desse solo, rolaram riffs clássicos de baixo, como “Under Pressure” e “Another one bites the dust”. Danny Miranda deixa o palco e Roger fica sozinho, com o bumbo e um estimbal colocado por roadie. O que ele ia fazer tocando numa bateria incompleta? Tocar com as partes que tinha. E era o que ele tava fazendo, até os roadies trazerem pouco a pouco, a caixa, os outros tambores e os pratos. E ele não parava, ele ia tocando no que era colocado até o Kit estar completo. Eu não tava acreditando que tavam montando outra bateria na rampa do palco pro cara tocar! Muito surreal! Quando ele terminou o solo, colocaram um microfone pra ele. Só faltou ele cantar. E cantou! Brian e o resto da banda chegaram e Roger cantou a sua música marca registrada “I´m in love with my car” (também do “A Night at the opera”). O público estava extasiado! E como se não bastasse, Roger cantou outro clássico de sua autoria: “A Kind of Magic”. Foi mágico mesmo!



























Ainda sentado na bateria montada na rampa do palco, era hora de cantar mais uma de sua autoria. Brian se sentou ao lado dele, e começaram a cantar “Say it´s not true”, que Roger escreveu para a campanha de Nelson Mandella contra a AIDS há uns anos atrás, e que já havia sido registrada no album “Return of the Champions” e foi gravada agora em “The Cosmos Rocks”. Roger cantou a primeira parte, Brian cantou a segunda e Paul apareceu para cantar o final, exatamente como no disco. Foi um momento lindo e com certeza emocionante!














Hora de cada um voltar pro seu respectivo lugar no palco e dar seqüência no show. “Feels like making love” do Bad Company (uma das melhores, senão a melhor do Bad Company) foi tocada pela banda e Paul, como sempre arrasou nos vocais. Uma homenagem ao vocalista foi exibida no telão, com imagens de diversas épocas de toda sua carreira. Muito bacana e merecida! E mais uma vez reforça a idéia Queen + Paul Rodgers. Dando seqüência, tocaram a música “We belive” do novo disco, e empolgaram bem a platéia.


Chegou a vez de Brian fazer o seu solo. E fez brilhantemente, como sempre, e tivemos mais uma surpresa que pegou o público desprevinido! Quem conhece o Queen, sabe que nos shows ao vivo da banda, quando Brian fazia seus solos sempre usando trechos do solo da música Brighton Rock, do disco "Sheer Heart Attack", e que Freddie entrava no meio e cantava um trecho curtinho, caía fora e Brian seguia. Em meio ao solo que estava tocando (no qual incluiu o riff de Keep yourself alive, percebido por poucos), Brian começou uma introdução de uma música que está no disco "Innuendo", e que vem antes de "The show must go on". É uma música de 3 minutos e que tem um curto trecho de Freddie cantando que não dura nem 1 minuto. O resto da canção é um solo harmonioso de Brian. Estamos falando de Bijou. E não é que no meio do solo, uma imagem de Freddie cantando aparece no telão e a voz dele é colocada em cima da música, dando a sensação de que ele estava lá. (A imagem em questão é do show de Wembley 86) Nossa, foi de arrepiar! Algo totalmente inesperado! E a música é uma gracinha, é uma curta declaração de amor em poucas palavras. A impressão que me dá é que Freddie escreveu isso para o seu último namorado como um tipo de despedida, sei lá. Seja como for, foi perfeito e muito lindo! E como se não bastasse, Brian ainda faz a gentileza de extasiar a platéia tocando “Last Horizon”, do seu primeiro disco solo “Back to the light” (Já com a banda de volta ao palco). Momento maravilhoso!
















Paul ainda não tinha voltado pro palco. Aí ficou a dúvida: O que vão tocar? Eis que o som do baixo começa a fazer aquela batidinha clássica e Roger Taylor começa “hum ban ban ban, hum ban ban ban bay”. Era “Under Pressure”, totalmente inesperada, sendo cantada por todos os membros se revezando! Roger começou, Brian entrou nas partes que Freddie cantava em agudo e os outros músicos fizeram a parte do David Bowie, e o final, todos cantaram juntos. Desculpem a expressão, mas foi do caralho!!! Paul voltou ao palco e começaram “Radio Ga Ga” (autoria de Roger Taylor). O cara deu banho cantando e a platéia deu um show a parte com aquelas palmas coreografadas que viraram marca tradicional da música. Jamie Moses pegou um violão e Brian pegou sua guitarra preta e logo em seguida mandaram “Crazy little thing called love”, com uma reação uníssona do público gritando “Ready Freddie?”. Muito legal!! Em seguida, mais uma música nunca tocada ao vivo com Freddie: “The show must go on”, que teve uma interpretação explêndida de Paul, que chegou a arrepiar e emocionar todos os presentes. Sem falar nos solos de Brian e o teclado de Spike Edney marcando o rítmo da música. Maravilhoso! Mas uma emoção muito maior estava pra começar: Começam as notas de piano de "Bohemian Rhapsody". Legal, mas advinhem só quem estava cantando?











Freddie Mercury! Sim, eis que o homem aparece no telão sentado no seu piano durante um show, e a banda toca a música ao vivo em cima da voz dele! (Tanto a imagem quanto a gravação da voz de Freddie foram extraídas do show/dvd "We Will Rock You" de 1984, gravado em Montreal.) Coisas que a tecnologia de hoje permite e que causou uma comoção geral, como se o próprio Freddie estivesse ali. Foi maravilhoso! Na parte da opera, entrou o playback (que sempre entrava nos shows com Freddie, mesmo porque, é impossível reproduzir aquilo ao vivo). O público cantou e cantou alto, enquanto imagens de várias épocas da banda aparecia no telão. Na parte Rock da música, a banda voltou ao palco e Paul também, cantando o final. Na hora do “Nothing really matters”, Freddie voltou ao telão, dividindo o vocal com Paul, meio que num dueto, e a parte do “Nothing really matters to me...” foi cantada pelo público. E na parte do “Anyway the wind blows”, ouvimos a voz de Freddie e a imagem dele na última cena do clip de “These are the days of our lives” (que é cantada por Roger Taylor no dvd “Return of the Champions", com essa formação, mas não foi tocada nesse show e fez falta!). Fim do show? Só da primeira parte. A banda sai do palco, mas claro que ia ter o bis.
De volta para o Bis, Brian May apareceu vestindo uma camisa do Brasil. Muito bacana da parte dele! Nem todos os músicos estrangeiros que vem tocar aqui possuem esse respeito. O bis veio com a faixa título “The Cosmos Rocks”, que empolgou a galera. Em seguida, veio o hino do Free, “All right now”, talvez a música mais popular que a clássica banda de Rodgers possua. O refrão foi cantado com muita empolgação pela platéia, apesar da maioria não conhecer bem os versos da música. Já tava dando pra sentir que estava acabando. E como um show do Queen termina? Da mesma forma que termina desde o lançamento do disco "News of the world"
Com a dobradinha clássica “We will rock you” e “We are the champions”. A primeira, com as clássicas palmas e o refrão cantado em uníssono pela platéia, que reproduziu tradicionalmente a batida com palmas, e se encaixou como uma luva na voz de Rodgers. E a última, foi emoção total, fechando um grande espetáculo! No agradecimento ao público, como também era de tradição “God Save The Queen” rola no playback enquanto a banda agradece. Um agradecimento muito carinhoso ao público brasileiro, que recebeu bem a banda em sua nova fase. Um espetáculo pra ficar na memória!














Saí de lá em estado de graça. Duas ausências foram muito sentidas: Freddie Mercury e John Deacon. Fiquei pensando que foi uma pena eu não ter tido a oportunidade de ver os dois ao vivo na época, mas pelo que eu conheço da banda, da filosofia deles, e até do próprio Freddie através das suas letras, “O show tinha que continuar” e está continuando e muito bem! Acredito que o Freddie, de onde quer que esteja, está vendo isso e tá dando aquele sorrisinho sarcástico dele e falando “Que legal, eu queria estar aí também!”. Não tô reproduzindo algo que Brian ou Roger já falaram, mas quem conhece a banda, quem conhece o que Freddie expressava sobre si mesmo através das suas letras, sabe que ele era bem capaz de falar um lance desses. Da mesma forma que acredito que John não seja contra eles estarem fazendo o que estão fazendo. Só é uma pena que ele não tenha aceitado participar. Danny Miranda é um bom baixista e dá conta do recado muito bem, mas John é John, o som do seu baixo é diferente, é algo meio inexplicável, e é estranho ver o Queen na ativa sem ele, por mais espetacular e genuíno que som da banda esteja. Mas enfim, foi a escolha do cara, e respeitar é o que nós devemos fazer.













Foi em partes a realização de um sonho. Não foi a banda que eu ouvia na minha adolescência, a banda com a qual tenho uma ligação emocional da qual eu não consigo explicar, mas de certa forma, mesmo não sendo na sua totalidade, eram eles sim! Brian e Roger fazem parte disso, e eu nunca consegui separar o Queen dos seus 4 membros. Nessa formação com Rodgers, a coisa ficou diferente, mas ainda assim, teve a cara do Queen que eu conheci e adoro! Cada um teve o seu espaço, mostrando os grandes músicos que são e o vigor que ainda tem pra continuar levando o legado pra nova geração que está entregue a porcaria que temos como música nos dias de hoje. E isso não quebrou a minha ligação emocional com essa banda em momento algum, pelo contrário! Só aumentou a minha admiração pelos mesmos! Foi tão emocionante como qualquer coisa feita pela banda ao longo dos seus 35 anos de existência. Uma aula de música, um banho de Rock N´Roll, respeito pelo público e pelos amigos ausentes que escreveram a História dessa banda gloriosa! Foi o melhor show do ano, e quiçá da minha vida! Valeu a pena cada centavo e cada momento de espera! E que voltem mais vezes, pois assistir esses caras, nunca será demais!
Deus Abençoe a Rainha! (God Save The Queen!)
DADOS DO SHOW:

DIA 29/11/2008
LOCAL: HSBC ARENA - BARRA DA TIJUCA - RIO DE JANEIRO
DURAÇÃO: 2 Horas e 30 Minutos.
SET-LIST:
1) Intro + Hammer to Fall
2) Tie your mother down
3) Fat Bottomed Girls
4) Another one bites the dust
5) I want it all
6) I want to break free
7) C-Lebrity
8) Surfs Up... Schools Out
9) Seagull (Paul Rodgers/Bad Company)
10) Love of my life (Brian May)
11) 39 (Todos, menos Paul)
12) Solo de Baixo (com Roger Taylor)
13) Solo de Bateria (Roger Taylor)
14) I´m in love with my car (Roger Taylor)
15) A Kind of Magic (Roger Taylor)
16) Say it´s not true (Roger, Brian e Paul)
17) Feels like making love (Paul Rodgers/Bad Company)
18) We belive
19) Solo de Brian May / Bijou (Freddie Mercury no telão)
20) Last Horizon (Brian May)
21) Under Pressure (Todos, menos Paul)
22) Radio Ga Ga
23) Crazy Little Thing Called Love
24) The Show Must Go On
25) Bohemian Rhapsody (Freddie Mercury no telão)
26) Cosmos Rocks
27) All Right Now (Free)
28) We Will Rock You
29) We are the champions
30) God Save The Queen

Animaniacs em Dvd! Finalmente!


Quem não se lembra de Yakko, Wakko e Dot? Não lembrou? Os Irmãos Warner e a Irmã Warner. Não lembrou ainda? E Pinky e Cérebro? E os Pombos Penas Boas? E da Enfermeira? Ainda não? Quem não foi criança durante os anos 90 certamente não conhece esse desenho, sem dúvidas uma das melhores produções feitas pela Warner Bros em seu ápice de inspirações para desenhos animados nos anos 90, ao lado de Tiny Toons e Freakazóide.

Pois bem amigos, finalmente, os Animaniacs chega ao Brasil em dvd, e o que é melhor: Com a dublagem original da Herbert Richers! Exibido a exaustão nas manhãs da Globo no Xou da Xuxa, Tv Colosso e Xuxa Park, além da exibição na WBTV de 1995 a 1998, e algumas reprises recentes no SBT, o desenho chegou a ter alguns volumes lançados em VHS e especiais pra cinema também. Pra quem não conhece o desenho, vale a pena contextualizar, e pra quem conhece, mas não lembra, é bom refrescar.

Animaniacs foi uma produção de Steven Spielberg em parceria com a Warner Bros, onde a própria Warner, Spielberg e outras figuras Hollywoodianas eram alvos de piadas e sarcasmos de tudo quanto é tipo. Cada episódio do desenho tinha duração de 20 minutos, e era todo divido em blocos (tipo esquetes de teatro), e cada bloco pertencia a um personagem. Os protagonistas todos da trama eram os Irmãos Yakko, Wakko e Dot, os Irmãos Warner. Segundo a historinha fictícia criada pelos roteiristas, os Irmãos Warner foram criados nos anos 30, mas eles eram muito encreiqueiros e enlouqueciam com todo mundo nos estúdios e por causa disso, tiveram o seu show cancelado e os três ficaram trancados na torre da Warner até 1995, quando eles conseguiram escapar para voltar a infernizar todo mundo.

Nas histórias dos Irmãos Warner, sempre rolava alguma paródia com personalidades famosas, como Einstein, Bethoveen, ou artistas hollywoodianos como Mel Gibson. Eles aprontavam de tudo, sempre com muita ironia e situações de muito humor. Também faziam sátiras de filmes e histórias clássicas da literatura como Os Três Mosqueteiros por exemplo. Havia também o empresário Thadeus Plotz, que era diretor executivo da Warner Bros, e que era caracterizado aqui como um megalomaníaco que maltrada e humilha todos. Seu funcionário Ralf vivia caçando e correndo atrás dos Warners. E ainda tinha o médico austríaco, o Dr Otto Scratchansnif, um psiquiatra que tentava curar os problemas de "loucura" dos Warners, e acabava sempre enlouquecido por eles em situações de rachar o bico de rir! Além da sua Enfermeira, que enfeitiçava Yakko e Wakko, onde foi criado o famoso bordão "Olááááááá Enfermeira!!!", mesmo que a Enfermeira aparecesse vestida em outros trajes, sempre que eles a viam, rolava esse bordão, o que irritava a Dot. Ela, em contrapartida, quando via astros famosos como Mel Gibson e outros, também pulava em cima deles e ficava beijando todo mundo. Outra marca deles eram as cantorias, que foram brilhantemente adaptadas para o português, sem perder a excência e a qualidade do texto original! Era cada confusão que esses caras aprontavam e com uma genialidade única de comédia pra qualquer idade. Simplesmente fantástico!

Paralelo aos irmãos Warner, também foram criados outros personagens para serem inseridos dentro dos blocos de desenhos de Animaniacs, entre eles, a clássica dupla de Ratos de Laboratório Pinky e Cérebro, que fizeram tanto sucesso no mundo todo, que acabaram ganhando o seu próprio desenho fora dos Animaniacs. Cérebro era um gênio brilhante, super cientista que bolava altos planos para dominar o mundo. E Pinky era o seu assistente imbecil, que nunca acompanhava o raciocínio do parceiro e sempre atrapalhava os planos de Cérebro por causa da sua burrice, o que gerava as situações mais hilárias da dupla. Quem não se lembra dos bordões:

-"Cérebro, o que que a gente vai fazer essa noite?
-"A mesma coisa que fazemos todas as noites Pinky. Tentar dominar o mundo!"

Ou então quando Cérebro tinha alguma idéia e dizia: "Pinky, está pensando no que eu estou pensando?" e Pinky sempre respondia alguma coisa nada a ver e o Cérebro se irritava com ele: "Não Pinky!!!". Mas o melhor era quando Cérebro aparecia em público e dizia pras pessoas "Na verdade, eu sou um rato de laboratório tentando dominar o mundo." Muito bom! Os planos fracassavam, mas eles sempre planejavam novos planos para a noite seguinte.

E ainda tinha a musiquinha: "O Cérebro e o Pinky, o Cérebro e o Pinky. Um é um gênio e o outro um imbecil. Não cansam de tentar, mundo dominar. O Pinky, o Pinky e o Cérebro, o Cérebro e o Pinky." Muito bom!


Outra personagem que também fazia sucesso no desenho era a Slappy Esquilo, uma velha mulher Esquilo sensacional que aprontava todas e vivia acompanhada pelo seu irritante sobrinho Skipp. Volta e meia, os desenhos da Slappy tinham tiradas sarcásticas em cima de críticos e roteiristas de cinema, com piadas voltadas pra eles ou situações que nos fizessem remeter a histórias de filmes clássicos onde a Esquilo era a protagonista. E ainda tinha musiquinha de apresentação: "A mulher mais enfezada que existe no mundo, é essa Esquila que mora aqui!" Aí ela aprecia e reclamava: "Agora chega com essa música!" e aí fechavam: "É a Slappy!"
Excelente!!!




Uma outra trinca de personagens que também chamava a atenção no lado de comédia eram os Pombos Penas Boas: Squit, Pesto e Bobby. Squitt era um idiota que vivia dizendo coisas óbvias e puxando o saco do Pesto. Pesto vivia irritado e de mal humor com a vida, reclamando de tudo. Ao mesmo tempo era um convencido e adorava se gabar. Gostava e se irritava ao mesmo tempo quando Squit puxava o saco dele, mas sempre que demonstrava pro Squit que não tava gostando do que ele tava falando, falava num tom ameaçador, fazendo o Squitt dizer que ele não tinha dito o que disse. E quando o Pesto reafirmava o que o Squit tinha dito, o Squitt dizia: "É, foi isso mesmo que eu disse." Então Presto baixava a porrada nele. Era muito engraçado! E o Bobby vivia no meio dos dois, tentando apartar. Os três acabavam sempre metidos em confusões por serem pombos e viver no meio das pessoas.

Tinha também a Gata de rua Rita e o Cachorro Vira Lata Runt, que eram uma espécie de "A Dama e o Vagabundo", que viviam reproduzindo situações históricas em vários cenários diferentes, tipo Egito Antigo, Terremoto no México, Revolução Chinesa e outros. Além disso, faziam paródias e alusões a várias peças e musicais famosos, como por exemplo "Los Misarables", que com eles, se chamou "Los Miseranimais". Muito interessante!

Havia ainda a garotinha Mindy e o seu Cachorro estilo Lessie, Botões. Mindy era uma criança sem noção que ficava sempre presa ou amarrada no quintal de casa, não chama e mãe e o pai de Mamãe e Papai e sim de Moça e Moço, ficava rindo o tempo todo e vivia chamando o Botões de bobo. A mãe dela vivia dando ordens pro Botões ficar vigiando ela, e ela sempre conseguia fugir e se metia nas maiores confusões e o pobre do cachorro vivia correndo atrás dela, se estrepando todo pra evitar que ela se machucasse ou sofresse acidentes. No final das esquetes, ela sempre voltava pra casa ilesa e o Botões voltava todo ferrado e ainda tomava esporro da mãe dela. Eram esquetes meio bobinhas, mais pra crianças mesmo. Mas não chegava a ser ruim.

Entre outros personagens figurantes, tinham o casal de Hipopótamos Flavio e Marita, que apareciam pouco e sempre em histórinhas chatas, o Galo Cocoricó, que também quase não aparecia, e o mímico que aparecia no meio dos desenhos com algo do tipo "Hora da Boa Idéia e da Má Idéia." (estilo cinema mudo).

Em suma, Animaniacs (que em português significa Animaníacos ou loucos por animação) é um desenho original, criativo, diferente e pra todas as idades, por envolver uma série de alusões e paródias, que por mais americanas que sejam, foram bem adaptadas para versão brasileira, de maneira compreensível e numa linguagem excelente para qualquer pessoa se divertir! Sem falar que o formato teatral do programa era ótimo! Sempre divido em esquetes, onde cada personagem tinha o seu destaque. Uma coisa que eu sempre achava interessante, é que em meio a alguma esquete, por trás da situação que tava rolando, sempre apareciam os Warners fugindo de alguém ou fazendo alguma coisa, tocando sempre a musiquinha de fundo deles. Ou então, quando eles protagonizavam a esquete, outros personagens apareciam ao fundo, como Pinky e Cérebro, os Pombos, Slappy, Mindy e Botões ou Rita e Runt. Isso era de uma originalidade só!

A versão Brasileira contou com um elenco fabuloso que deu uma vida especial pra esse desenho! A direção ficou a cargo de Marlene Costa. Sei que teve mais gente que dirigiu Animaniacs, mas não sei precisar pra vocês. Vou pesquisar e me informar, pra poder divulgar melhor.

Os irmãos Warner foram Ettori Zuim (substituído por Clécio Souto nos episódios finais da última temporada), Marcus Jardym e Marisa Leal. O entrosamento de ambos era perfeito! A dupla Pinky e Cérebro, um verdadeiro marco, ficou a cargo de Alexandre Moreno e Hércules Fernando, tanto em Animaniacs, quanto no desenho solo da dupla. Slappy Esquilo ganhou uma interpretação brilhante e híper original de Selma Lopes (a eterna Margie Simpson) e deu toda a característica que a personagem pedia, superando a dublagem original. Seu irritante sobrinho Skkip ficou a cargo de Marcos Souza, ainda garoto na época. Os Pombos tiveram uma boa trinca de dubladores: Zé Luíz Barbeito (Squitt), Marco Ribeiro (Pesto) e Dário de Castro (Bob). Combinação melhor que essa, impossível, pois os dubladores imprimiram com tamanha perfeição as características desses personagens, que ficou super marcante! Rita e Runt foram Carmem Sheila (a Felícia de Tiny Toons) e Orlando Drummond (que dispensa apresentações). Mindy foi feita por Ana Lúcia, uma das melhores dubladoras de crianças do Rio de Janeiro, e sua mãe (que nunca mostrava a cara) tinha a voz de Nádia Carvalho. O Dr Otto foi dublado num cômico genial por Isaac Schnneider (o Professor Xavier de X-Men), a Enfermeira foi Mônica Rossi (Lois Lane de Lois e Clark, Sharon Stone, Demi Moore e etc), e o Sr Plotz foi feito a perfeição de sua megalomania por Isaac Bardavid (Wolverine de X-Men). E os Hipopótamos eram os finados Paulo Flores e Sônia Ferreira. Na narração (característica peculiar sempre presente no desenho), tinhamos um revesamento de Márcio Seixas com Luis Feier Motta. Em suma, uma dublagem original, cheia de adaptações para a versão brasileira que ficou no mesmo nível e até superando o original em diversos aspectos. E temos que aplaudir a Warner por manter essa dublagem nos dvds!

Enfim, o lançamento tá aí! São 5 volumes de dvds com a primeira temporada completa, e o preço está camarada! É bom aproveitar antes que tirem a relíquia do mercado. Quem conhece e gosta, sabe que vale a pena ter! Quem não conhece e quiser relembrar, vale a pena! E quem não é dessa geração, mas quer conhecer um desenho de verdade e de qualidade bem diferente dos desenhos atuais, deve adquirir!

O dvd não é 100% perfeito. Não possui extras, mas a Warner merece um aplauso por ter lançado esse produto! (Vamos esperar pra que faça sucesso de vendas, para lançarem outras temporadas!) Podem procurar em qualquer Submarino ou Lojas Americanas da vida. O preço tá em conta e vale a pena!


Em breve, falarei de outro lançamento contemporâneo dos Animaniacs, também da Warner, que são os Tiny Toons. Aguardem!

domingo, 26 de outubro de 2008

Sempre vale à pena!

Olá amigos! Poxa, tem tanto tempo que eu não mexo nesse blog. Minha falta de tempo acabou me fazendo deixar o trabalho aqui de lado. Poxa, tem tanta coisa que eu poderia ter escrito nos ultimos 4 meses, mas não deu. Tentarei aos poucos fazer um resgate do Blog, com umas coisas super legais.


Bom, vamos a razão que me trouxe hoje aqui pra atualizar o espaço. Fazia um bom tempo que eu não ia ao teatro, afinal, quando a gente faz teatro e está ensaiando peça, a gente acaba esquecendo que é importante ir ao teatro e assistir colegas de profissão. E neste domingo, eu fui assistir a minha amiga Carla Pompílio, que estreou o seu novo espetáculo no dia 12 de Outubro, no Teatro Ipanema, aqui no Rio.



O espetáculo se chama"Sempre vale à pena". O texto, de Maria Fernanda Gurgel, traz questões contemporâneas super interessantes a respeito de relações humanas em temas diversificados e dividos em esquetes. Nesses temas de relações humanas, são abordados um comportamento de pessoas que vivem na Zona Sul, visto que os bairros (em especial o de Ipanema) citados na peça são todos da Zona Sul; homossexualidade, relações sexuais, solidão, futilidade e relação homem-mulher também são temas abordados no texto. No elenco, Ângela Britto, Flavio Carriço, Windemberg Melo e Carla Pompílio.

Dizem que é muito chato quando a gente dá "spoiler" de um filme/peça ou qualquer outro tipo de espetáculo que as pessoas querem assistir. Mas quem me conhece, sabe que eu sou o chato desmancha prazer que está sempre criticando os trabalhos que eu vejo, seja filme, show, dvd, peça ou qualquer outro tipo de coisa ligado a arte. Portanto, aos desavisados, lá vai: Na continuação desse texto, tem "spoiler"... rsrsrsrs

Acho chegar no teatro, o espectador vai se deparar com um telão, onde os atores estarão falando e debatendo entre si. Um artifício muito bem usado para chamar a atenção do público, enquanto os atores estão em preparação atrás do cortina. Após as cortinas se abrirem, vemos um jogo cênico muito interessante. Os 4 atores vem para a frente do palco e conversam abertamente entre si e com o público, sobre os temas abordados no espetáculo. Isso é muito coisa muito bacana de ver, pois de imediato, vemos aquela questão do teatro aberto, sem máscaras, onde os atores se expoem e mostram ao que vieram.



Na primeira esquete, temos um tema interessante. Um casal de amigos comemoram "Bodas de Prata" de sua amizade. O rapaz, Gustavo Almeida (Windemberg Melo), famoso ginecologista com fama de garanhão, que "papou" na mocidade toda Ipanema e Leblon, se reencontra com Sabrina (Ângela Britto), sua amiga que guardou uma paixão platônica por 25 anos. Entre as várias situações engraçadas em que a personagem de Ângela Britto demonstra um tesão sexual reprimido pelo amigo, temos a revelação de que o rapaz é gay. A esquete é hilária, a interpretação dos atores é magistral, assim como o trabalho corporal da atriz, que consegue passar em cada gesto e partitura de corpo, toda a movimentação de uma mulher que está desesperada há 25 anos para se entregar a um homem que era o garanhão do bairro e ela acaba de descobrir que é gay. No meio da cena, temos uma outra questão abordada, que é a questão de mulheres mal resolvidas sexualmente ou afetivamente recorrerem a analistas, achando que esses profissionais são a solução de seus problemas. É cômico a maneira como a personagem telefona para sua analista no meio da noite para falar de coisas obvias que estavam acontecendo com ela no presente momento. E ainda temos aquela questão do esteriótipo, visto que o personagem Gustavo, o garanhão de Ipanema, de tanto "comer" mulheres e mais mulheres, acabou virando gay. A questão da homossexualidade entre os biotipos mais inesperados da sociedade. Ponto pra autora, que abordou com muita sutileza, mesmo na base da comédia, uma hipocrisia que temos inserida no cotidiano social do Brasil.

Outro recurso cênico que merece um destaque é que a personagem falava com o analista ao telefone, e havia a resposta da analista gravada em audio, ou seja, o público ouvia a resposta. Um ponto bem marcado para a direção do espetáculo, pois geralmente, em cenas com uso de telefone em teatro, muitos atores ficam vendidos e não conseguem transmitir uma veracidade de que estão de fato falando com alguém ao telefone, sem falar que o público é forçado a tentar deduzir respostas de quem está do outro lado da linha pela expressão dos atores, o que não foi necessário nesse caso. Merece destaque também o rítmo e a sintonia de entrosamento dos dois atores nessa cena hilariante, onde questões supostamente banais são criticadas com um humor sarcástico e pernicioso, arrancando altas risadas do público.



Passando para a esquete seguinte, temos um casal com problemas conjugais. A cena mantém o mesmo rítmo e dinamismo da anterior, abrindo com eles se casando e logo em seguida, dormindo na mesma casa. Aqui, temos aquelas discussões básicas de casal como o homem que ronca muito, a mulher com medo de barata e obsessão por limpeza dentro de casa, frescuras do tipo não usar sapatos em casa, roupa de cama limpa, mulher que não suporta o ronco do marido, enfim, situações domésticas que muitas mulheres já viveram e vivem, encenados de forma hilariante com tipos muito bem criados cênicamente por Carla Pompílio e Flavio Carriço.



(Abrindo um parêntese aqui, vale citar que a contra-regragem de alguns objetos de cena é feita pelos próprios atores, o que agrada a mim por exemplo, que gosto desse teatro desmascarado, sem ter aquele compromisso com a perfeição.)



Voltando a peça, temos na seqüencia um embate entre os atores, debatendo a questão de relação h0mem-mulher. 2 casais debatendo problemas diversos em que o espectador certamente vai rir, pois a coisa é toda escrachada na base do sarcasmo, mas com aquelas pitadas de verdade que fazem qualquer pessoa que está assistindo pensar "é exatamente assim" ou "eu já passei por isso".




Em seguida, mais uma esquete com Ângela Britto e Windemberg Melo. Aqui, temos a socialite Lucy, uma daquelas bem peruas mesmo, que não conseguem dar um passo na própria vida sem a consulta de um pai de santo. E um pai de santo fajuto, o Pai Nini de Bento Ribeiro (ou da Gomes Carneiro, como ele prefere) construído pela autora como uma crítica aos pais de santo que vemos em televisão e nos mesmos moldes dos que costumam atender esse tipo de pessoa. Todas as questões abordadas nessa esquete são hilárias, pois as questões que abordam a vida da mulher são se o marido a está traindo, se sua filha está usando maconha e está tendo relações sexuais, e questões que são banalizadas na base da sátira dando a demonstração da futilidade da vida dessas pessoas, a preocupação com a própria imagem diante dos outros e o apêlo desesperado a religião para a solução dos problemas. A figura do pai de santo também é bastante satirizada, com direito a nome fictício, pose de bicha arrogante, promessas surreais de trabalhos para solução de problemas e até mesmo a incorporação de uma pombagira paraguaia. Impagável! Apesar da duração da esquete ser longa, o que acaba sendo um pouco cansativa devido ao excesso de texto, o trabalho dos atores está maravilhoso e arranca boas gargalhadas do público.



E por fim, a última enquete, onde temos Carla Pompílio roubando a cena ao interpretar a Dona Lourdes, uma viúva de 78 anos que se mudou da Tijuca para Ipanema e passa a atazanar a vida de seu vizinho João Arthur, o Arthurzinho. Arthurzinho, cardiologista morador da zona sul, típico Playboy da praia, que tem uma turma do volley, dorme com várias mulheres, passa a ser azucrinado por uma pobre senhora que passa a se meter em sua vida, trazendo uma ambiguidade muito interessante de se analisar. Quem assiste as hilariantes situações apresentadas na esquete pode até dar risada (afinal, não deixam de ser engraçadas), mas por trás de toda a comédia, há um tom crítico sério, onde a questão da solidão de uma pessoa de idade que viveu anos e anos em um determinado lugar cm uma pessoa pode vir a fazer ao se apegar a outra pessoa para espantar essa solidão, mesmo que a nível inconsciente. Novamente, a esquete ficou muito longa, o que a torna um pouco cansativa durante o meio, mas não tira o brilhantismo e nem a riqueza do texto, que faz o público se envolver e criar uma expectativa de como se dará o fim daquelas situações entre Dona Lourdes e Arthurzinho, visto que a velha consegue de um tudo, desde espantar os amigos de praia do playboy, até as mulheres que ele levava para o apartamento de noite. Muito legal e super divertido, a ponto de eu me arriscar a dizer que Dona Lourdes merecia ganhar da autora uma peça exclusivamente para ela.


É importante destacar o trabalho de Carla Pompílio nessa cena. O corporal que a atriz criou, assim como a entonação da voz para a personagem, somadas com sua interpretação, fazem o público crer que de fato estamos diante de uma senhora de 78 anos. E aí entra o trabalho do ator, e um trabalho que agrada muito a mim como ator também, que é a questão do corporal para a criação de um personagem, e como a base da expressão corporal facilita na construção de todo o resto. Citei a Carla como exemplo, pois nesse personagem específico, o trabalho está louvável, mas o mesmo podemos dizer de todos os atores desse espetáculo. A preparação e o trabalho corporal estão 100% entrosados com o rítmo, afinal, comédia só funciona como rítmo dinâmico que não pode decair, e nesse espetáculo, isso não acontece, pois o rítmo não cai!

"Sempre vale à pena" é uma comédia divertidíssima, mas que se analisarmos com profundidade e um tom mais sério, identificaremos personagens que estão aí, no dia a dia contemporâneo da nossa sociedade carioca. Esbarramos com eles o tempo todo. Enfim, é um espetáculo gostoso, divertido e muito bacana pra ser conferido por qualquer pessoa que gosta de se divertir.

Ficam aqui as congratulações a autora, que escreveu um texto solto e dispido de pudores, com muita sutileza de ironias em questões pertinentes e imperando um humor muito gostoso de se assistir. Ficam as congratulações para a direção, impecável em todos os aspectos ao trabalhar as transições, as marcações, os artefatos cênicos, a questão do rítmo corporal, dinamismo e a interpretação dos atores. E claro, as congratulações aos 4 atores que abrilhantaram esse texto delicioso que "Sempre vale à pena" conferir!

Seguem abaixo a divulgação e a ficha da peça:

PEÇA: SEMPRE VALE À PENA
COM: CARLA POMPÍLIO, FLAVIO CARRIÇO, ÂNGELA BRITTO e WINDEMBERG MELO
DIREÇÃO: MÁRCIO VIEIRA

TEXTO: MARIA FERNANDA GURGEL

LOCAL: TEATRO IPANEMA

HORÁRIO: 18:00
DATAS: TODOS OS DOMINGOS (ATÉ O DIA 30 DE NOVEMBRO)
PREÇO: R$30,00 (meia entrada para estudantes/idosos)