É natural que mais músicas do Queen sejam incluídas no repertório, afinal, mesmo tendo mais tendo mais tempo de estrada, Paul nunca teve a metade da popularidade mundial do Queen. Ele se adaptou a banda e a banda se adaptou a ele. Em momento algum existe tentativa de imitação de Freddie, e novamente eu realço: São pouquíssimas músicas que Freddie compôs no Queen que são tocadas no show. Isso é respeito e preservação pela memória do amigo, músico e ídolo, e uma questão de respeito aos fãs do Freddie, da banda e uma questão também de respeito próprio, pois Freddie era único e uma tentativa de imitação do mesmo por parte de qualquer cantor e com concentimento da banda, seria passar por cima de toda ideologia que eles sempre pregaram ao longo de sua carreira! Claro que é impossível não citar ou homenagear o Freddie durante o show. O cara fez parte daquilo ali, e ignorar que ele existiu seria impossível. Por isso, durante o show, existe o momento reservado para homenagear o grande cantor, ídolo das multidões, amigo pessoal e colega de banda. Enfim, chega de comparações! Só queria deixar claro antes de começar a descrever o espetáculo brilhante que assisti, para que a pessoa que vier a ler o que estou escrevendo não pense que eu sou mais um da nova geração que está falando o que está falando por não conhecer Freddie Mercury ou por não tê-lo visto ao vivo. Infelizmente, não tive o prazer de assistir nem Freddie e nem John, mas o legado dos caras está aí e quem conhece só o populacho que a mídia vende (como Greatest Hits e Collections da vida), eu sugiro que busque as raízes da banda pra enteder do que estou falando e do que ainda vou falar.
O show estava marcado para as 22:00. Como no Brasil nada começa na hora, houve 30 minutos de atraso, e graças a Deus, não teve banda de abertura! O show começa com a imagem de The Cosmos Rocks, e vários efeitos sonoros, raios, trovões, efeitos futuristas no estilo “Dobra Espacial” de Jornada nas Estrelas. E fica aquela expectativa: “O que que eles vão tocar? Como vão abrir?” E foi em grande estilo. Antes da banda entrar no palco (não dava pra ver, pois fica tudo escuro e o teto do HSBC Arena ficou todo cheio de estrelas), ouvimos o riff de “Now I´m Here”. Fiquei extasiado com a possibilidade do show abrir com essa música e ouvir Rodgers cantando ela. Mas foi só um trecho do riff. Banda no palco. Música: “Hammer to fall” (autoria: Brian May). Começou bem, mas foi só um trechinho, pra depois começarem uma música que põe todo mundo pra pular e que é uma das clássicas do Rock estilo Queen: “Tie your mother down” (também de Brian May), e cantada no estilo Paul Rodgers, ficou forte, potente e animou a galera. E a partir daí, foi uma sucessão de clássicos do Queen. “Fat Bottomed Girls” (outra de Brian) mostrou o quanto os vocais entrosados permanecem como característica da banda, visto que não só Roger, Brian e Paul fazem esse côro juntos, mas os outros três integrantes (falarei deles mais a frente) também. E a música não pára! “Another one bites the dust” (John Deacon), “I want it all” (do disco “The Miracle", nunca tocada ao vivo com Freddie) e “I want to break free” (John Deacon) extasiaram todo mundo. Minha única ressalva negativa foi não terem dedicado nenhuma das músicas do John pra ele, afinal, essas duas músicas que são mega-hits são de autoria dele. Enfim...
Nessas músicas, percebemos algumas mudanças de arranjos sem mudar a base e de como Paul se adaptou bem a elas, e de como elas foram bem adaptadas a Paul. O cara também é um showman, e canta muito! A platéia já estava conquistada. No meio dessas músicas, Brian fez um agradecimento ao Rio, e ainda tentou falar em português.
Mas ficar só no passado não dá. E já que “The Cosmos Rocks” foi um disco novo gravado pela banda e pelo vocalista, o ideal seria apresentar alguma coisa desse material (infelizmente foi pouca coisa, porque mal ou bem, o passado acaba sempre falando mais alto. É inevitável). Tocaram o single “C-Lebrity” e a ótima “Surfs Up Schools Out”. Ótimas músicas, em especial a última, que lembra um pouco o Bad Company e mostra claramente o entrosamento entre o vocalista e a banda, que continua competente e em grande forma, ao contrário de outros contemporâneos já decadentes e que ainda insistem em apelar pro passado sem ter condições de fazer. Enfim...
Hora dos momentos solos. Paul foi apresentado por Brian May: “Por favor, aplaudam o nosso amigo que está aqui para cantar umas canções com a gente: Paul Rodgers”. E o cara ficou sozinho no palco com um violão, e cantou a belíssima “Seagull” do Bad Company. Isso mostrou a competência do cara, o passado dele, o fato de além de ser um puta cantor, ainda toca bem uma viola, e de novo vem a questão: o espaço é do Queen + Paul Rodgers. Após isso, Paul chamou ao palco o seu amigo, o “Doutor Brian May”(pra quem não sabe, Brian concluiu recentemente sua tese de Doutorado em Astronomia). Indo para a frente do palco, na rampa, Brian pegou seu clássico violão de 12 cordas e fez um agradecimento a toda a equipe pelo maravilhoso espetáculo que estavam podendo proporcionar ao mundo ao longo dos três meses dessa turnê. E em seguida, agradeceu ao Rio pelo carinho e hospitalidade e preparou todo mundo pra se emocionar.
Paul ainda não tinha voltado pro palco. Aí ficou a dúvida: O que vão tocar? Eis que o som do baixo começa a fazer aquela batidinha clássica e Roger Taylor começa “hum ban ban ban, hum ban ban ban bay”. Era “Under Pressure”, totalmente inesperada, sendo cantada por todos os membros se revezando! Roger começou, Brian entrou nas partes que Freddie cantava em agudo e os outros músicos fizeram a parte do David Bowie, e o final, todos cantaram juntos. Desculpem a expressão, mas foi do caralho!!! Paul voltou ao palco e começaram “Radio Ga Ga” (autoria de Roger Taylor). O cara deu banho cantando e a platéia deu um show a parte com aquelas palmas coreografadas que viraram marca tradicional da música. Jamie Moses pegou um violão e Brian pegou sua guitarra preta e logo em seguida mandaram “Crazy little thing called love”, com uma reação uníssona do público gritando “Ready Freddie?”. Muito legal!! Em seguida, mais uma música nunca tocada ao vivo com Freddie: “The show must go on”, que teve uma interpretação explêndida de Paul, que chegou a arrepiar e emocionar todos os presentes. Sem falar nos solos de Brian e o teclado de Spike Edney marcando o rítmo da música. Maravilhoso! Mas uma emoção muito maior estava pra começar: Começam as notas de piano de "Bohemian Rhapsody". Legal, mas advinhem só quem estava cantando?
DIA 29/11/2008
DURAÇÃO: 2 Horas e 30 Minutos.