domingo, 22 de março de 2009

IRON MAIDEN - SOMEWHERE BACK IN TIME - PRAÇA DA APOTEÓSE RJ: 14/03/2009

Salve Salve caros amigos que ainda lembram da existência desse Blog ou que param para lê-lo! Primeiramente, Feliz Ano Novo! rsrsrsrsrs (Não, não estou sendo irônico, mas vocês sabem como funciona a atualização disso aqui né?)

Dia 14 de Março de 2009. A primeira postagem do blog nesse ano novo, apesar dos fatos que serão relatos a seguir terem acontecido semana passada. Estou falando do Iron Maiden, umas melhores, quiçá a melhor banda de Rock/Heavy Metal da Velha Geração Setentista que ainda sobreviveu com honras e glórias no nosso pavoroso mercado fonográfico.

Depois de 30 anos de carreira, a banda resolveu premiar seus antigos e fiéis fãs, e também a nova geração de idades mais distintas que apresentam um verdadeiro “fanatismo” pelo seu trabalho, com um show que certamente entraria pra História do Rock. Os famosos “Golden Years” seriam revividos nessa turnê, ou seja, nada de músicas novas, só clássicos. Para reviver esse momento, a idéia foi remontar o palco da turnê mais popular e grandiosa da banda durante os anos de 1984/1985. Pra quem não sabe, essa foi a “Era Powerslave”, que gerou a “World Slavery Tour”, que faz jus ao nome de "turnê escrava", pois foi a mais rodada turnê da banda no auge pelo mundo inteiro, e que quase os esgotou de cansaço físico e mental. E aí surge a pergunta: Seria essa uma turnê caça-níquel? Sim e não. Eu explico:

Sim, porque o sucesso em termos lucrativos são tão concretos que, após a turnê do último album de estúdio, “A Matter of Life and Death”, o lançamento do dvd “The Early Years Volume 2” já era esperado, assim como uma turnê para divulgar o mesmo. E assim como o dvd “The Early Years Volume 1” contou com uma turnê de divulgação contendo apenas músicas dos 4 primeiros albuns da banda - “Iron Maiden”, “Killers”, “The Number of the Beast” e “Piece of Mind”, e que infelizmente só rodou na Europa; para o próximo lançamento, “The Early Years Volume 2”, era esperado que na turnê, fossem inclusos músicas dos albuns “Powerslave”, “Somewhere in time” e “Seventh Son of Seventh Son”. O dvd foi lançado, mas com outro título: “Live after death”, o mesmo título do primeiro album e VHS ao vivo da "Donzela de Ferro" durante os "Golden Years". Esse dvd contem o show do "Live After Death" remasterizado e na íntegra, e muitos extras sobre essa fase da banda, atuais e antigos (incluindo a primeira passagem da Banda no Brasil em 85, no Rock N´Rio). E uma nova proposta de turnê foi feita: Reviver o período de ouro da banda nos anos 80, incluindo músicas também do “Live After Death”, que por se tratar de um album ao vivo, incluía músicas clássicas dos 4 primeiros discos, inimagináveis de ficarem fora de um show do Iron Maiden. Para isso, o palco da "World Slavery Tour" seria remontado, e novos efeitos especiais e pirotecnicos seriam aderidos e o show ganharia um formato exclusivo, mas que traria de volta todo o brilho e poder que fascinou uma geração, servindo como revival para quem viu a banda no seu auge e como apresentação de um período inimaginável de ser revivido para ser apresentado a gerações posteriores que conheceram a banda por “Fear of the dark” e outros momentos posteriores. Não se trata propriamente de um caça níquel, porque de certa forma, talvez o Iron Maiden seja a única banda que não precise disso, não apenas em termos financeiros, mas também em termos musicais. Se olharmos para bandas que possuem mais de 20, 30 anos de carreira e que ainda estão na ativa, o Iron Maiden é a única que não apela para o passado pra sustentar seus shows e suas vendas. Ao lançar um disco novo, a "Donzela" sempre toca o mínimo de 6 músicas novas, e mescla com 8 clássicas, sempre alternando a cada turnê. Sem falar na forma da banda, tanto a física quanto a musical, sendo ainda capazes de promover um espetáculo de primeira qualidade. Portanto, trazer de volta uma turnê revival a essa altura, é realmente um presente para os nostálgicos e um resgate para a nova geração de perdidos na onda do “New Metal” e outras porcarias do gênero que infestaram o mercado ao longo das duas últimas décadas.

A turnê teve início em Fevereiro de 2008, e passou pelo Brasil em Março de 2008, em 3 cidades: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, sendo que nesta última, há um registro quase oficial que já rodou o mundo todo, visto que vazou a imagem matriz do telão do show com o áudio da mesa de som, sendo o pirata mais perfeito da turnê em dvd. Com muito sucesso, várias músicas resgatadas, que certamente não serão mais tocadas nos próximos shows que a banda virá a fazer com material novo, o sucesso foi além das expectativas. E a banda fez a promessa de voltar com a turnê em 2009 para visitar cidades que não puderam ser visitadas (entre elas Rio de Janeiro) e outros lugares onde nunca tocaram. Além do lançamento de um filme documentário, que seria lançado com toda a documentação da turnê, bastidores, locais inéditos, e rotina completa da banda durante um período exaustivo de uma turnê desse porte. O documentário se chamaria: “Flight 666”.

Dito e feito! A promessa fora cumprida. Iron Maiden voltou ao Brasil em 2009, trazendo a segunda parte da turnê para o Rio de Janeiro e outras cidades inéditas, como Manaus, Belo Horizonte, Brasília e Recife. E o filme foi lançado em premiere exclusiva no Rio, no Cine Odeon, que teve ingressos de preço esgotado em menos de 2 horas de abertura de bilheteria. Em Abril desse ano, esse filme/documentário, “Flight 666” irá direto para os cinemas, antes de seu lançamento oficial em dvd.

O dia da Premiere foi o mesmo dia do show no Rio, na Praça da Apoteóse, o dia 14 de Março. Esse show era aguardado por vários cariocas, principalmente porque na primeira parte da turnê, não foi possível para a banda trazer o palco completo, com os templos, pirâmides, esfinges e com todos os efeitos e pirotecnias possíveis e imagináveis que faziam parte do show. Não que isso fizesse diferença para atrair o público, mas a relação do Iron Maiden com o Brasil sempre foi muito forte, e nenhum integrante da banda nunca escondeu isso. O Brasil merecia ter o show completo e uma promessa havia sido feita e honrada! O repertório dessa segunda parte da turnê foi alterado. Aí vem as polêmicas. Não que o repertório atual pudesse desagradar alguém, mas é inevitável surgir um questionamento: Por que tirar determinadas músicas que estavam sendo tocadas na primeira parte da turnê e que estão de acordo com a proposta da mesma, e substituir por outras que já são habitualmente tocadas em shows tradicionais? Essa pergunta passou batida pela maioria das pessoas presentes no show, mas ficou na minha cabeça e na de poucos que, assim como eu, tem uma grande paixão musical pela banda e sua história, mas não possui um fanatismo no coração. Enfim, comentarei melhor sobre isso durante a resenha do show.


O dia estava esquisito. Um temporal desabou no Rio no dia anterior. A preocupação era como estaria o tempo na hora do show. Felizmente, a chuva que tinha que cair, caiu antes e não houve nenhum empecílio meteorológico. O público, 25 mil pessoas, estava muito calmo, mas ansioso. O som ambiente durante a espera foi o melhor possível. E a pontualidade britânica impressionou, visto que shows nacionais e internacionais nessa cidade NUNCA começam na hora. As 20:30, Lauren Harris, filha do Baixista e dono do Iron Maiden, Steve Harris, sobe ao palco e faz sua apresentação de abertura. Lauren acompanhou a banda durante quase toda a turnê abrindo pra eles. Seu estilo é um Hard Rock farofa misturado com Avril Lavigne. Sua bandinha de 3 integrantes é boa e fez o dever de casa. Seu show teve duração de meia hora e foi o suficiente pra não esfriar o público e não cansá-los também. Afinação de intrumentos aqui e ali, roadies pra baixo e pra cima no palco, o público já estava a toda querendo que a "Donzela" entrasse em cena.


21:30 em ponto, a canção “Doctor Doctor” da banda UFO (banda esta que está entre as influências do Maiden) começou a tocar bem alto. Como já é sabido por muitos, esse era o sinal de o show estava pra começar. Ao final da música, as luzes se apagaram e os telões foram ligados. Com imagens do avião da banda, o Ed Force One, e de várias outras com o som de "Transylvania" (em playback) era sinal de que o show começaria. E eis que aparece Winston Churchill, Primeiro Ministro Britânico na época da Segunda Guerra Mundial, e várias imagens de aviões de guerra. Com seu tradicional discurso de guerra, todo mundo já sabia qual era a primeira música:





ACES HIGH. Não existe música melhor do que essa pra abrir um show do Iron Maiden, ainda mais numa turnê desse estilo. E foi fantástico! Uma forte explosão trouxe os caras pra cena e Bruce Dickinson, o “Mr Air Raid Siren” já chegou detonando (assim como o resto da banda), se mostrando em ótima forma, melhor até do que na época do auge (coisa que já vinha sendo mais do que comprovada ao longo dos anos, desde sua volta ao Maiden, há exatos 10 anos). Essa música é um clássico absoluto. A sensação que temos é de visualizar um avião de guerra em zig zag com ataques e bombardeios. E o côro do público no refrão arrepia a espinha de qualquer um. Dando sequência direta, veio WRATHCHILD, uma música poderosa e punk do 2° disco da banda, “Killers”. Essa foi uma música que não estava no set-list da primeira parte da turnê e entrou agora. E cá entre nós, totalmente dispensável! Apesar de ser uma música excelente e que gera sempre grande resposta por parte do público, essa música é tocada em todos os shows tradicionais da banda, tendo muito bem continuado dispensada dessa turnê, ao invés de entrar no lugar de uma música mais tradicional ou rara de ser tocada. Mas quem se importava com isso além de mim e mais uma meia dúzia? Ninguém! O público pulou e se esvaiu de cantá-la. Na sequência, “TWO MINUTES TO MIDNIGHT”. A segunda faixa do album "Powerslave" sempre é bem vinda pelo público, com riffs avassaladores de Rock N´Roll genuíno e o famoso refrão sempre cantado pela platéia! (e com direito a "Scream for me Rio de Janeiro!") Pronto, todo mundo já estava em ponto de bala e querendo mais!


Bruce se comunica com a platéia e fala sobre a volta ao Brasil, o lançamento do filme e anuncia as mudanças no set-list. Foi aí que anunciou a próxima música, uma que raramente eles tocavam desde que a lançaram no album “The Number of the Beast”. Tratava-se de CHILDREN OF THE DAMMED. Realmente, um clássico absoluto e inesperado, com uma linda melodia e Adrian Smith roubando a cena com uma guitarra dupla vermelha e seus riffs e solos precisos e harmoniosos que fazem qualquer um babar!

Em seguida, mais uma surpresa: PHANTOM OF THE OPERA. O clássico do 1° album da banda, quase nunca tocado, fez a galera toda delirar e cantar até as melodias na forma de “oooohhh ooohhhh”. Um show a parte das guitarras, apesar de Janick Gers ter tocado a parte do solo de Adrian Smith. Não vou entrar no mérito da discussão sobre os 3 guitarristas. Isso já foi muito discutido em vários sites, foruns e blogs, e debater isso aqui, na resenha de um show, desvirtuaria totalmente o foco, visto que seria preciso fazer uma viagem por vários albuns da banda pra estabelecer parâmetros. Mas no show, foi aquela mesma coisa de sempre: Janick enrolado e sujando os solos, mas fazendo sua performance teatral que agrada várias pessoas e irrita muitas outras (como eu por exemplo), e Adrian roubando a cena na sua discrição e concentração. E Dave Murray no meio, fazendo sua parte e sempre carismático, com sorriso no rosto e agradando a todos. Não podemos deixar de citar o dono da banda, pois Steve Harris também roubou a cena com suas linhas de baixo, que estavam fazendo tremer até as arquibancadas do sambódromo. E nessa música então... Impossível descrever o momento, foi sensacional!















Seguindo o show, Bruce veste o uniforme vermelho da Cavalaria Inglesa e pega a bandeira da Inglaterra. Não podia ser outra senão THE TROOPER. Impressionante como essa música mexe com as pessoas e agita uma platéia inteira que, de acordo com o rítmo e a história na letra da música, parece se transformar em cavalos e cavalgar pra frente e pra trás, cantando a música inteira em uníssono! Sensacional! Aliás, vale um destaque para a forma física dos caras! Nenhum deles (Bruce principalmente) pára durante o show! Parecem um bando de mosquitos elétricos se mexendo e agitando de um lado pro outro. Haja pique e energia pra isso!

Esse é um dos destaques e diferenciais do Iron Maiden nos shows. E por falar de virtuosismo, originalidade e precisão de guitarras (leia-se Adrian Smith) mesclados a linhas de baixo poderosas, a próxima música, muito querida por todos e pouco executada pela banda, também marcou: WASTED YEARS. Infelizmente, a única presente do belíssimo album “Somewhere in time”, que curiosamente, dá o nome da turnê “Somewhere back in time” e é da música "Wasted Years" que veio a definição desse período como os “Golden Years”. Mas tudo bem, pulemos essa parte, porque as performances que vieram a seguir foram impecáveis!

RIME OF THE ANCIENT MARINER. A famosa música de 13 minutos que fecha o "Powerslave" esteve presente durante toda a turnê. Todo mundo sabia disso antes mesmo da turnê começar, mas mesmo assim, todos pareciam incrédulos ao ver esse épico, um dos mais cultuados da banda, ser executado ali, na íntegra, como há 25 anos eles não tocavam. E o público cantando tudo, até a parte falada! Incrível! No palco, o cenário e os efeitos eram os melhores possíveis! O cenário escuro, com o painel do mar, e objetos soltos, parecendo lascas de madeira e navio. Nicko McBrain também teve destaque nessa música. Além de marcar as milhões de variações, cuidou de toda parte da percussão na parte lenta, fazendo uma sonoplastia arrepiante! Na metade da música, muita fumaça, como se fosse a neblina. E na hora do solo, uma sequência de fogos e explosões no teto do palco que embasbacaram muita gente! E o figurino de Bruce era a capa preta, representando a morte e o velho marinheiro ao mesmo tempo. Brilhante e perfeito!


Fim da música, tudo escuro. Barulho de vento e uma risada macabra ao playback. O que era isso? POWERSLAVE. O tema do Deus Egípcio da Morte Osíris foi brilhantemente executado, com Bruce usando a mesma máscara da turnê de 84/85, emergindo do fogo no meio das pirâmides e esfinges de olhos vermelhos no palco. E com o seu famoso bordão “Scream for me Brazil!” fez todo mundo cantar o refrão! O show estava no ápice do êxtase. Mas ainda tinha mais!

RUN TO THE HILLS foi a próxima. Essa música é outra que sempre está presente em todos os shows e esteve presente na primeira parte da turnê. E eu bati contra isso. Se era pra inserir outras músicas do período antigo e limar algumas da turnê passada, essa era uma que poderia ter sido limada, pois além de estar presente em todos os shows regulares, esteve na primeira parte da turnê. Mas o público não estava nem aí! Berraram bem alto a parte do “We gave him hell!” e o refrão, além de terem pulado e galopado que nem loucos, o que era muito bacana de se olhar da arquibancada, diga-se de passagem!

Na música seguinte, eu brochei legal: FEAR OF THE DARK. Pronto, vai ter um monte de gente querendo me bater por causa do que eu vou falar agora. Fui contra essa música fazer parte dessa turnê desde o início, visto que ela é de 92 e não pertence ao período que a banda propôs pra tocar na turnê. Mas foi a música que trouxe (e ainda traz) trocentas mil pessoas pra assistir a banda e que de certa forma, introduzem os fãs aos outros trabalhos. Mas eu não aguento ver pessoas que só conhecem Iron Maiden por causa dessa música, ou que enchem a boca pra dizer que essa música é a melhor de todas, sem conhecer o resto. Pior ainda, é quando a gente vê pessoas que só conheceram a versão ao vivo e que acham que o “You” que o Bruce fala pedindo ao público pra cantar, faz parte da música. Foi nessa música que eu observei uma coisa que me chamou atenção: Os caras estavam cansados. Mas não era um casaço físico ou algo que refletisse na performance impecável que tiveram durante toda a noite até o momento. Era um cansaço mental, uma fadiga do tipo “Chega, vamos tocar outras coisas, fazer material novo” ou algo do tipo “Precisamos de férias”. Depois do Rock N´Rio 3, lançado em cd e dvd, Bruce passou a inserir uma risada nessa música. Nesse show, o tom da risada estava diferente. Não estava maquiavélico ou provocante, estava debochado, como quem estivesse dizendo “Não aguento mais cantar essa porra!”. E isso estava nítido nos olhos dele, e na banda toda (até do Janick, que sempre se esbaldou nessa música). Mas digo novamente: Quase ninguém (talvez só eu) notou isso. Essa música mexe com a platéia mais do que qualquer outra do Iron. Nunca vi uma multidão cantar tão uníssona em toda minha vida! Sem falar na agitação. Talvez seja por isso que ela não saia do repertório, porque a enxurrada de críticas que a banda sofreria se isso acontecesse, seria muito maior e mais pesada do que a minha porque a incluíram. Enfim, segue o show!

HALLOWED THY NAME foi a próxima. Essa música é uma das coisas mais espetaculares do Maiden! Performance imbatível, apesar de Bruce também aparentar estar cansado dela. Mesmo assim, ela rouba a cena e não tem como ficar de fora. Eu só achei que ela estava deslocada nesse set. Tocar essa música antes de um bis, eu particularmente não acho muito legal, porque ela tem cara de final de show. E de certa forma, a sequência anterior das músicas estavam longas, e por mais que isso não canse o público, cansa a banda, visto que não há intervalos e nem solos individuais, não sobrando tempo pra ninguém descansar. Mesmo assim, foi uma grande performance, onde Bruce e os guitarristas roubaram a cena! Aquela batidinha de sino com as guitarras e o baixo são demais! Sem falar na letra e nas mudanças de harmonia nos solos... Clássico Absoluto!


"Scream for me Brazil! Scream for me Brazil!" THE IRON MAIDEN. A faixa título do primeiro album da banda indicava a hora do fim da primeira parte do show. Muitos anseavam esse momento, não pelo fim do show ou da música em si, mas pra ver a surpresa que não esteve presente na turnê do ano passado. Depois do solo, ocorre uma mega explosão, e a esfinge que estava atrás da bateria de Nicko se abre igual a um sarcófago, e de dentro dela, surge um Eddie na versão múmia, bem maior que o da turnê de 84/85 e esticando as mãos, como se fosse atacar e agarrar o público. Foi um momento sensacional e de show teatral puro! Encerramento excelente da primeira parte do show! A banda sai do palco, mas antes rola a distribuição de munhequeiras, palhetas, pratos, baquetas e tudo que tem direito.

2 minutos se passaram. Tudo escuro e do nada, aquela voz grave ecoa em todos os cantos da Apoteóse: “Wow to you oh Earth and Sea. For the devil sends the beast with wrath, because he knows the time is short. Let him who have understanding rackon the number of the beast, for it´s a human number. It´s number is six hundread and sixty six.” Pronto! O clássico que nunca pode ficar de fora de um show do Maiden e que ninguém, nem a própria banda se casa! THE NUMBER OF THE BEAST robou a cena, primeiramente por 2 bonecos de demônios semelhantes ao do clip surgirem em cima das esfinges. Depois, por cada momento do refrão, labaredas de fogo subiam sempre, dando pra sentir o calor até na arquibancada. E claro, as explosões e os gritos uníssonos da platéia de "Six Six Six". Foi um grande momento! Mas ainda tinha mais!



THE EVIL THAT MEN DO, infelizmente a única música representando o album “Seventh Son of Seventh Son”. Refrão cantado em uníssono por todos e com muita empolgação, e na hora do solo, um Eddie Futurista, o Cyborg da capa do “Somewhere in time” com mais de 3 metros de altura, entrava no palco, apontava a mira laser vermelha no olho esquerdo pra platéia e também apontava a arma pra todos. Momento excelente!


E pra fechar, SANCTUARY. Fui contra a inclusão dessa também. Sempre foi tocada a exaustão e não se encaixa no contexto de alguma forma. Desnecessário limar uma música pra enfiar essa. Mas enfim, animou o público e no meio dela, Bruce apresentou a banda, agradeceu a todos, falou da relação com o Brasil e do filme: “Brazil, you are the stars of the fucking show”. Foi engraçado ouvir isso, não nego. No final, aplausos calorosos e uma saída tranquila do local, as 23:30 em ponto.

Balanço geral: 2 horas de show com 16 músicas. Bom? Sim, muito bom! Mas com certeza poderia ter sido muitíssimo melhor! Por que? Por causa do repertório e em partes, da forçação de barra pra dar continuidade na turnê que vai encerrar agora em Abril na Flórida. Achei uma pena limarem CAN I PLAY WITH MADNESS, THE CLAIRVOYANT, HEAVEN CAN WAIT, REVELATIONS e MOONCHILD. Adorei CHILDREN OF THE DAMMED E PHANTOM OF THE OPERA no set, mas francamente, inserir WRATHCHILD e SANCTUARY não foi muito prudente limando as músicas que citei. Se era pra limar, que trocassem por coisas que não são tocadas há muito tempo, como FLIGHT OF ICARUS, CAUGHT SOMEWHERE IN TIME, KILLERS, PROWLER, enfim... opções não faltariam. 1 música do "Seventh Son" e 1 música do "Somewhere in time", particularmente, achei uma bola fora dentro da proposta da turnê. Podem me chamar de cético, de exigente, dizer que eu não sei curtir show, que Iron é Iron, que foi foda do mesmo jeito, enfim, falem o que quiser. Mas esse é meu ponto de vista: Iron Maiden é uma banda que tem pique pra fazer show de 2 horas e meia, até 3 horas; e podem até fazer, inserindo um intervalo de 15 minutos, que nem o Rush, Dream Theater e outras bandas fazem. Mas é aquilo: Pra que fazer isso, se o que eles dão ao público, o público adora, ovaciona e sai satisfeito? Não faz muito sentido mesmo. Isso é só pra exigentes ou fãs de música como eu e uma minoria

Mas valeu, afinal, foi meu primeiro show do Iron cara a cara, apesar da minha história com a banda ter mais de 10 anos, e foi altamente positivo! Vale o mérito de congratular esse fabuloso sexteto que continua firme e forte na ativa, produzindo bem, não se jogando no anonimato e nem se sustentando de passado, coisa que bandas contemporâneas que sobreviveram, fazem pra se manter vivas. Parabéns pro Iron Maiden, hoje e sempre! Ainda vou escrever algo sobre a trajetória deles, ou então comentar alguns discos. Aguardem! E aguardem também, pois 8 de Abril, tem KISS na Apoteóse. E eu estarei lá e vai rolar matéria aqui no Blog também! Saudações a todos e Up the Irons!


IRON MAIDEN - SOMEWHERE BACK IN TIME WORLD TOUR - FINAL LEG 2009:

12/03 - Manaus
14/03 - Rio de Janeiro
15/03 - São Paulo
18/03 - Belo Horizonte
20/03 - Brasília
31/03 - Recife












BANDA:

Bruce Dickinson: Vocal
Steve Harris: Baixo
Adrian Smith: Guitarra
Dave Murray: Guitarra
Janick Gers: Guitarra
Nicko McBrain: Bateria


SET-LIST:

Intro: Doctor Doctor (playback) / Transylvania (playback)
1 - Churchill´s Speech / Aces High
2 - Wrathchild
3 - Two Minutes To Midnight
4 - Children of the Dammed
5 - Phantom of the Opera
6 - Wasted Years
7 - The Trooper
8 - Rime of the Ancient Mariner
9 - Powerslave
10 - Run to the hills
11 - Fear of the dark
12 - Hallowed be thy name
13 - Iron Maiden
14 - The Number of the Beast
15 - The Evil That Men Do

16 - Sanctuary


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Queen + Paul Rodgers - 29/11/2008: Rio de Janeiro (HSBC Arena)

Dizem que quem é Rei (no caso, Rainha) nunca perde a majestadade. E que o Rio de Janeiro teve uma série de espetáculos internacionais de bom nível de Rock N´Roll nesse ano de 2008, ninguém discute. Porém, o que ninguém jamais esperava era que o Queen viesse parar nas terras tupiniquins depois de 23 anos. E ainda por cima, trazendo consigo o amigo Paul Rodgers, para a divulgação e turnê do disco “The Cosmos Rocks”, o 2° da parceria entre a banda e o vocalista. Como bom fã de ambos, eu não poderia ter perdido essa oportunidade, que eu espero desde os meus 16 anos de idade, quando conheci o Queen, banda com a qual possuo uma profunda ligação emocional pelas letras e músicas.

Antes de começar a falar do show, já sei que muita gente vai indagar ao ler o meu primeiro parágrafo: “Como assim? Você tá falando do Queen, mas não citou em momento algum o Freddie Mercury?”. Já que é inevitável, vamos lá. Infelizmente, eu tinha 8 meses e 10 dias de vida quando a banda veio ao Rock N´Rio em 1985 na turnê do “The Works”, e não era nem nascido em 1981, quando vieram a São Paulo na turnê do “Hot Space”. Quanto a Freddie, eu não esqueci dele e nem gosto menos dele do que dos outros membros da banda. Não me enquadro no grupo de “fãs” que enchem a boca pra dizer que “Queen sem Freddie Mercury não existe”. Apesar de não ter assistido o mito cantar ao vivo e de não fazer parte da geração a qual ele encantou durante os anos 70 e 80, eu conheço muito bem o trabalho da BANDA (pode-se dizer com isso que incluo Freddie nessa). Nunca vi e nunca verei Freddie Mercury como Deus e os outros três como a banda que tocava pra ele. Queen eram 4 pessoas completamente diferentes uma das outras, com influências musicais muito distintas e que tinham uma química muito boa, a ponto de conseguir encaixar o estilo de cada um nas composições individuais e soar como uma unidade. Acredito que a fórmula do sucesso musical da banda veio daí. Claro que no palco, Freddie roubava a cena. Era inevitável. O cara nasceu pra isso, ele era um showman nato, colocava a platéia nas mãos e brincava com ela, se divertindo pra valer, se destacando naturalmente e atraindo todos os holofotes pra si, além de cantar brilhantemente como poucos. Eu lamento muito não tê-lo visto ao vivo, porém, por ser fã da banda e conhecer bem os trabalhos, posso dizer que conheço o estilo do Freddie e sei fazer a distinção do Queen antingo e do Queen atual.

Aí vem a polêmica: Por que Queen? Segundo Brian May: “Não usar esse nome significaria ignorar completamente que nós tivemos um passado.” Concordo! Quem fez esse passado glorioso, hoje enaltecido por uma geração de pessoas que sequer eram nascidas na época do auge da banda e por fãs radicais, não foi o Freddie Mercury sozinho. Aí caímos naquela questão: John Deacon não está ao lado de Brian May e Roger Taylor nessa nova empreitada. Uma pena! Ele não quis ficar no cenário musical, quis viver outra vida, longe de tudo que fez no passado. É um direito de escolha do cara não é? Ou vale ficar a pena perdendo tempo especulando se foi porque o uso do nome Queen e o uso de outro vocalista é uma apelação comercial pra ganhar dinheiro as custas de um passado brilhante, que supostamente deveria ser enterrado com Freddie, quando o mesmo nos deixou em 24 de Novembro de 1991 (há 17 anos atrás), vítima da AIDS? Não importa! Brian e Roger estão vivos, e muito bem! Tocando como nunca! Qual foi o grande legado que Freddie deixou em “Innuendo”? “O show tem que continuar!”. Remetam-se a questão de que no auge, a banda viajava em aviões separados, pois em caso de algum acidente, os outros permaneceriam vivos e continuariam com o legado criado e imortalizado pelos QUATRO! Podem observar que, após a turnê de "A Kind of Magic", quando Freddie teóricamente adoeceu e cada um fez os seus projetos solos em paralelo, a banda não acabou (apesar do nível musical dos dois últimos discos com Freddie terem caído de padrão consideravelmente). Peguem 3 músicas do último disco com Freddie vivo, o "Innuendo": The Show Must Go On, These are the days of our lives e a própria Innuendo. Analisem nas letras o que Freddie canta ali e pensem se não era uma vontade dele que a banda seguisse, pois o próprio, apesar das conhecidas crises de estrelismo que tinha fora do palco, em relação a banda, nunca demonstrou (pelo menos não publicamente) que era um ser superior. John não quis continuar tocando, mas nem por isso, Brian e Roger deixam de representar o Queen pelo que foi e pelo que ainda pode ser.


E quanto a Paul Rodgers? Quem é? Muita gente não sabe né? Claro, ele nunca foi um cantor popular, apesar de bastante conhecido no cenário musical do Rock, e já estava na ativa antes do Queen ser formado. Rodgers foi fundador de uma das melhores bandas inglesas de Classic Rock, o Free. Essa banda influenciou muita gente boa nos anos 70 (inclusive o próprio Queen). E após o fim do Free, Rodgers ainda montou outra banda, o Bad Company. Um cantor de qualidade e potencial indiscutíveis, um grande performista ao vivo e de estilo completamente oposto a Freddie Mercury. Outra pergunta: Por que ele foi escolhido, ao invés de alguém com voz ou estilo semelhante ao de Freddie, como George Micheal ou Robbie Williams (entre outros nomes já especulados)? Novamente voltamos a questão inicial: Queen é uma banda. Freddie era o vocalista. Queen + Paul Rodgers é uma banda que precisava de um cantor e um cantor que precisava de uma banda. Ponto!

Lógico que questões comerciais são questionáveis pelo uso do nome Queen sem os dois integrantes fundadores. Mas mesmo assim, por que não usar? E qual é a intensão ao colocar um cara supostamente desconhecido cantando músicas do Freddie? Aí é que quem não tem conhecimento pra falar e enche a boca pra criticar, entra pelo cano! Ninguém está substituindo ninguém! A maioria das músicas do Queen que eles tocam ao vivo e que Rodgers canta, não são do Freddie, e sim de Brian, John e Roger. E já que, com Freddie vivo e por razões obvias, nos shows, o destaque principal era ele. Mas e agora? Freddie se foi. Uma pena, que Deus o tenha! Mas os caras estão aqui e tem muita lenha pra queimar e potencial ao vivo que talvez nunca tenham tido a chance de mostrar como estão tendo agora. Paul Rodgers não é o único que está cantando na banda. Brian May e Roger Taylor, que sempre cantaram músicas nos discos do Queen, além de fazer vocais de fundo maravilhosos nos discos e ao vivo, também cantam suas próprias músicas, coisa que pouco faziam nos shows com Freddie, conforme eu já disse, por razões obvias. Querem mais argumentos? Brian tocando música de sua carreira solo. Mais algum? Queen, a banda, tocando músicas do Free e do Bad Company, dando espaço para Paul. Aí eu pergunto: Tem alguém substituindo alguém aí? Ou tem uma banda querendo voltar a ativa, mas que, por ter um passado glorioso que não pode ser ignorado, deveria se esconder por trás de um mito popular?

Não amigos, Queen + Paul Rodgers é outra coisa. E não dá pra comparar, são duas coisas muito distintas e únicas! E quem conhece bem os trabalhos de Brian May, dentro e fora do Queen, sabe que as raízes musicais dele se combinam muito com as de Paul Rodgers (claro, quem conhece as bandas do Paul sabe disso também). E Roger Taylor nessa história? Todos sabemos que ele e Brian May sempre foram muito bem introsados, e após a morte de Freddie, quando ambos vaguearam muito pelo final dos anos 90 e início de 2000, participando de trocentos mil tributos, sem objetivo e sem saber o que fazer pra voltar com o Queen, os dois ficaram muito unidos e não poderiam deixar de entrar numa empreitada juntos. A prova disso é que essa parceria com Paul Rodgers em 2005, já rendeu um Cd/Dvd ao vivo, o maravilhoso "Return of the Champions", resultado de uma turnê de experimentação super bem sucedida em toda Europa, e agora, um disco novo, com material inédito e composto em parceria. O que há de errado nisso? Nada!

É natural que mais músicas do Queen sejam incluídas no repertório, afinal, mesmo tendo mais tendo mais tempo de estrada, Paul nunca teve a metade da popularidade mundial do Queen. Ele se adaptou a banda e a banda se adaptou a ele. Em momento algum existe tentativa de imitação de Freddie, e novamente eu realço: São pouquíssimas músicas que Freddie compôs no Queen que são tocadas no show. Isso é respeito e preservação pela memória do amigo, músico e ídolo, e uma questão de respeito aos fãs do Freddie, da banda e uma questão também de respeito próprio, pois Freddie era único e uma tentativa de imitação do mesmo por parte de qualquer cantor e com concentimento da banda, seria passar por cima de toda ideologia que eles sempre pregaram ao longo de sua carreira! Claro que é impossível não citar ou homenagear o Freddie durante o show. O cara fez parte daquilo ali, e ignorar que ele existiu seria impossível. Por isso, durante o show, existe o momento reservado para homenagear o grande cantor, ídolo das multidões, amigo pessoal e colega de banda. Enfim, chega de comparações! Só queria deixar claro antes de começar a descrever o espetáculo brilhante que assisti, para que a pessoa que vier a ler o que estou escrevendo não pense que eu sou mais um da nova geração que está falando o que está falando por não conhecer Freddie Mercury ou por não tê-lo visto ao vivo. Infelizmente, não tive o prazer de assistir nem Freddie e nem John, mas o legado dos caras está aí e quem conhece só o populacho que a mídia vende (como Greatest Hits e Collections da vida), eu sugiro que busque as raízes da banda pra enteder do que estou falando e do que ainda vou falar.

Bom, vamos ao show. Mega produção, como sempre, com direito a palco gigante e uma rampa de acesso para ficar perto da platéia. Preço absurdo, como sempre. Local super contramão, como sempre. Enfim, Rio de Janeiro, shows de Rock, geralmente é isso. O preço tava salgado até pra quem tinha meia entrada. Não lotou, graças ao preço, a má divulgação, ao anúncio em cima da hora e outros fatores. Mas não vamos ficar discutindo isso, senão é mais um discurso que eu vou ter que fazer sobre o porque dessas coisas acontecerem. Mas não posso deixar de dizer que dei sorte (sorte pra mim e azar pra quem pagou a pista vip), pois graças ao preço salgado da pista vip, a mesma ficou vazia, e acabou sendo aberta para a pista pobre (onde eu me encontrava) e isso me permitiu acesso a boca do palco, ou melhor, da rampa, de onde vi tudo de perto com perfeição! Como eu disse, se a gente for debater questões de preços e organizações de shows no Rio, vamos entrar em uma discussão longa e fora do foco do assunto em pauta.














O show estava marcado para as 22:00. Como no Brasil nada começa na hora, houve 30 minutos de atraso, e graças a Deus, não teve banda de abertura! O show começa com a imagem de The Cosmos Rocks, e vários efeitos sonoros, raios, trovões, efeitos futuristas no estilo “Dobra Espacial” de Jornada nas Estrelas. E fica aquela expectativa: “O que que eles vão tocar? Como vão abrir?” E foi em grande estilo. Antes da banda entrar no palco (não dava pra ver, pois fica tudo escuro e o teto do HSBC Arena ficou todo cheio de estrelas), ouvimos o riff de “Now I´m Here”. Fiquei extasiado com a possibilidade do show abrir com essa música e ouvir Rodgers cantando ela. Mas foi só um trecho do riff. Banda no palco. Música: “Hammer to fall” (autoria: Brian May). Começou bem, mas foi só um trechinho, pra depois começarem uma música que põe todo mundo pra pular e que é uma das clássicas do Rock estilo Queen: “Tie your mother down” (também de Brian May), e cantada no estilo Paul Rodgers, ficou forte, potente e animou a galera. E a partir daí, foi uma sucessão de clássicos do Queen. “Fat Bottomed Girls” (outra de Brian) mostrou o quanto os vocais entrosados permanecem como característica da banda, visto que não só Roger, Brian e Paul fazem esse côro juntos, mas os outros três integrantes (falarei deles mais a frente) também. E a música não pára! “Another one bites the dust” (John Deacon), “I want it all” (do disco “The Miracle", nunca tocada ao vivo com Freddie) e “I want to break free” (John Deacon) extasiaram todo mundo. Minha única ressalva negativa foi não terem dedicado nenhuma das músicas do John pra ele, afinal, essas duas músicas que são mega-hits são de autoria dele. Enfim...

















Nessas músicas, percebemos algumas mudanças de arranjos sem mudar a base e de como Paul se adaptou bem a elas, e de como elas foram bem adaptadas a Paul. O cara também é um showman, e canta muito! A platéia já estava conquistada. No meio dessas músicas, Brian fez um agradecimento ao Rio, e ainda tentou falar em português.
Mas ficar só no passado não dá. E já que “The Cosmos Rocks” foi um disco novo gravado pela banda e pelo vocalista, o ideal seria apresentar alguma coisa desse material (infelizmente foi pouca coisa, porque mal ou bem, o passado acaba sempre falando mais alto. É inevitável). Tocaram o single “C-Lebrity” e a ótima “Surfs Up Schools Out”. Ótimas músicas, em especial a última, que lembra um pouco o Bad Company e mostra claramente o entrosamento entre o vocalista e a banda, que continua competente e em grande forma, ao contrário de outros contemporâneos já decadentes e que ainda insistem em apelar pro passado sem ter condições de fazer. Enfim...
Hora dos momentos solos. Paul foi apresentado por Brian May: “Por favor, aplaudam o nosso amigo que está aqui para cantar umas canções com a gente: Paul Rodgers”. E o cara ficou sozinho no palco com um violão, e cantou a belíssima “Seagull” do Bad Company. Isso mostrou a competência do cara, o passado dele, o fato de além de ser um puta cantor, ainda toca bem uma viola, e de novo vem a questão: o espaço é do Queen + Paul Rodgers. Após isso, Paul chamou ao palco o seu amigo, o “Doutor Brian May”(pra quem não sabe, Brian concluiu recentemente sua tese de Doutorado em Astronomia). Indo para a frente do palco, na rampa, Brian pegou seu clássico violão de 12 cordas e fez um agradecimento a toda a equipe pelo maravilhoso espetáculo que estavam podendo proporcionar ao mundo ao longo dos três meses dessa turnê. E em seguida, agradeceu ao Rio pelo carinho e hospitalidade e preparou todo mundo pra se emocionar.

















Brian disse as seguintes palavras: “Eu ainda consigo me lembrar de vocês cantando em 1985. Então vamos cantar mais uma vez para os amigos ausentes. Vamos cantar para o Freddie.” E eis que ele começa “Love of my life”, levando muitos da platéia as lágrimas, por mais que todos soubessem que ele ia fazer isso, pois fez em São Paulo e faz desde sua carreira solo. Enfim, uma bela e justa homenagem, pois quem ficava sentado ao lado de Freddie tocando essa música, era o próprio Brian, e ninguém melhor do que ele pra cantar e homenagear o amigo nessa canção. É um momento lindo do show que não tem como não emocionar, visto que o próprio não aguentou e se emocionou junto. Mas não parou por aí! Eis que um roadie da equipe chega no palco e coloca um bumbo do lado de Brian. Isso não seria atoa. Roger Taylor é chamado pelo amigo e entra todo elegante, de branco e usando uma gravata preta (meio brega na minha opinião, mas isso é só um detalhe). E então Brian pede pra todos cantarem com eles e começa os acordes de “39”, belíssima composição de sua autoria, gravada no “A Night at the opera”. No refrão da música, Brian pára de tocar e deixa o público cantando (confesso que eu me esgoelei nessa hora, pois eu amo essa música!). Agradecendo, ele diz que está tudo ótimo, mas parecia estar faltando algo mais na música. Então ele chama o resto da banda ao palco (a exceção de Paul). Entram o guitarrista Jamie Moses (que fez parte da banda solo de Brian, e se encaixou como uma luva nessa formação do Queen com 2 guitarras), o “5° Membro” do Queen, o tecladista Spike Edney (que sempre tocava teclado nos shows do Queen nos anos 80, geralmente bem escondidinho, sem mostrar a cara, e que também tocava na banda solo de Brian, e agora, finalmente veio pra frente do público) e o Baixista Danny Miranda. O que eles fizeram foi algo realmente inesperado. Jamie estava com um violão, Danny com um baixo acústico (daqueles que se toca em pé e que parece um violãocelo) e Spike estava com um ACORDEOM (sim, uma sanfona mesmo!). E microfones foram colocados pra eles também. Brian pede pra platéia continuar e os 5 juntos dão seqüência na 2° parte de “39” que ficou IDENTICA e até melhor que a do disco (quase infartei quando vi isso! rsrsrs)
















Todos saem do palco, exceto Roger e Danny. Roger, apenas com as baquetas e um bumbo colocado na rampa, começou a brincar e se virou pro baixo de Danny. Enquanto o baixista tocava as notas, Roger usava as baquetas e tocava o baixo. Nunca vi isso! Muito louco! O baterista fazendo um solo de baixo junto com o baixista, e usando as baquetas pra tocar enquanto o cara dava as notas. Muito original e muito bom! Claro que no meio desse solo, rolaram riffs clássicos de baixo, como “Under Pressure” e “Another one bites the dust”. Danny Miranda deixa o palco e Roger fica sozinho, com o bumbo e um estimbal colocado por roadie. O que ele ia fazer tocando numa bateria incompleta? Tocar com as partes que tinha. E era o que ele tava fazendo, até os roadies trazerem pouco a pouco, a caixa, os outros tambores e os pratos. E ele não parava, ele ia tocando no que era colocado até o Kit estar completo. Eu não tava acreditando que tavam montando outra bateria na rampa do palco pro cara tocar! Muito surreal! Quando ele terminou o solo, colocaram um microfone pra ele. Só faltou ele cantar. E cantou! Brian e o resto da banda chegaram e Roger cantou a sua música marca registrada “I´m in love with my car” (também do “A Night at the opera”). O público estava extasiado! E como se não bastasse, Roger cantou outro clássico de sua autoria: “A Kind of Magic”. Foi mágico mesmo!



























Ainda sentado na bateria montada na rampa do palco, era hora de cantar mais uma de sua autoria. Brian se sentou ao lado dele, e começaram a cantar “Say it´s not true”, que Roger escreveu para a campanha de Nelson Mandella contra a AIDS há uns anos atrás, e que já havia sido registrada no album “Return of the Champions” e foi gravada agora em “The Cosmos Rocks”. Roger cantou a primeira parte, Brian cantou a segunda e Paul apareceu para cantar o final, exatamente como no disco. Foi um momento lindo e com certeza emocionante!














Hora de cada um voltar pro seu respectivo lugar no palco e dar seqüência no show. “Feels like making love” do Bad Company (uma das melhores, senão a melhor do Bad Company) foi tocada pela banda e Paul, como sempre arrasou nos vocais. Uma homenagem ao vocalista foi exibida no telão, com imagens de diversas épocas de toda sua carreira. Muito bacana e merecida! E mais uma vez reforça a idéia Queen + Paul Rodgers. Dando seqüência, tocaram a música “We belive” do novo disco, e empolgaram bem a platéia.


Chegou a vez de Brian fazer o seu solo. E fez brilhantemente, como sempre, e tivemos mais uma surpresa que pegou o público desprevinido! Quem conhece o Queen, sabe que nos shows ao vivo da banda, quando Brian fazia seus solos sempre usando trechos do solo da música Brighton Rock, do disco "Sheer Heart Attack", e que Freddie entrava no meio e cantava um trecho curtinho, caía fora e Brian seguia. Em meio ao solo que estava tocando (no qual incluiu o riff de Keep yourself alive, percebido por poucos), Brian começou uma introdução de uma música que está no disco "Innuendo", e que vem antes de "The show must go on". É uma música de 3 minutos e que tem um curto trecho de Freddie cantando que não dura nem 1 minuto. O resto da canção é um solo harmonioso de Brian. Estamos falando de Bijou. E não é que no meio do solo, uma imagem de Freddie cantando aparece no telão e a voz dele é colocada em cima da música, dando a sensação de que ele estava lá. (A imagem em questão é do show de Wembley 86) Nossa, foi de arrepiar! Algo totalmente inesperado! E a música é uma gracinha, é uma curta declaração de amor em poucas palavras. A impressão que me dá é que Freddie escreveu isso para o seu último namorado como um tipo de despedida, sei lá. Seja como for, foi perfeito e muito lindo! E como se não bastasse, Brian ainda faz a gentileza de extasiar a platéia tocando “Last Horizon”, do seu primeiro disco solo “Back to the light” (Já com a banda de volta ao palco). Momento maravilhoso!
















Paul ainda não tinha voltado pro palco. Aí ficou a dúvida: O que vão tocar? Eis que o som do baixo começa a fazer aquela batidinha clássica e Roger Taylor começa “hum ban ban ban, hum ban ban ban bay”. Era “Under Pressure”, totalmente inesperada, sendo cantada por todos os membros se revezando! Roger começou, Brian entrou nas partes que Freddie cantava em agudo e os outros músicos fizeram a parte do David Bowie, e o final, todos cantaram juntos. Desculpem a expressão, mas foi do caralho!!! Paul voltou ao palco e começaram “Radio Ga Ga” (autoria de Roger Taylor). O cara deu banho cantando e a platéia deu um show a parte com aquelas palmas coreografadas que viraram marca tradicional da música. Jamie Moses pegou um violão e Brian pegou sua guitarra preta e logo em seguida mandaram “Crazy little thing called love”, com uma reação uníssona do público gritando “Ready Freddie?”. Muito legal!! Em seguida, mais uma música nunca tocada ao vivo com Freddie: “The show must go on”, que teve uma interpretação explêndida de Paul, que chegou a arrepiar e emocionar todos os presentes. Sem falar nos solos de Brian e o teclado de Spike Edney marcando o rítmo da música. Maravilhoso! Mas uma emoção muito maior estava pra começar: Começam as notas de piano de "Bohemian Rhapsody". Legal, mas advinhem só quem estava cantando?











Freddie Mercury! Sim, eis que o homem aparece no telão sentado no seu piano durante um show, e a banda toca a música ao vivo em cima da voz dele! (Tanto a imagem quanto a gravação da voz de Freddie foram extraídas do show/dvd "We Will Rock You" de 1984, gravado em Montreal.) Coisas que a tecnologia de hoje permite e que causou uma comoção geral, como se o próprio Freddie estivesse ali. Foi maravilhoso! Na parte da opera, entrou o playback (que sempre entrava nos shows com Freddie, mesmo porque, é impossível reproduzir aquilo ao vivo). O público cantou e cantou alto, enquanto imagens de várias épocas da banda aparecia no telão. Na parte Rock da música, a banda voltou ao palco e Paul também, cantando o final. Na hora do “Nothing really matters”, Freddie voltou ao telão, dividindo o vocal com Paul, meio que num dueto, e a parte do “Nothing really matters to me...” foi cantada pelo público. E na parte do “Anyway the wind blows”, ouvimos a voz de Freddie e a imagem dele na última cena do clip de “These are the days of our lives” (que é cantada por Roger Taylor no dvd “Return of the Champions", com essa formação, mas não foi tocada nesse show e fez falta!). Fim do show? Só da primeira parte. A banda sai do palco, mas claro que ia ter o bis.
De volta para o Bis, Brian May apareceu vestindo uma camisa do Brasil. Muito bacana da parte dele! Nem todos os músicos estrangeiros que vem tocar aqui possuem esse respeito. O bis veio com a faixa título “The Cosmos Rocks”, que empolgou a galera. Em seguida, veio o hino do Free, “All right now”, talvez a música mais popular que a clássica banda de Rodgers possua. O refrão foi cantado com muita empolgação pela platéia, apesar da maioria não conhecer bem os versos da música. Já tava dando pra sentir que estava acabando. E como um show do Queen termina? Da mesma forma que termina desde o lançamento do disco "News of the world"
Com a dobradinha clássica “We will rock you” e “We are the champions”. A primeira, com as clássicas palmas e o refrão cantado em uníssono pela platéia, que reproduziu tradicionalmente a batida com palmas, e se encaixou como uma luva na voz de Rodgers. E a última, foi emoção total, fechando um grande espetáculo! No agradecimento ao público, como também era de tradição “God Save The Queen” rola no playback enquanto a banda agradece. Um agradecimento muito carinhoso ao público brasileiro, que recebeu bem a banda em sua nova fase. Um espetáculo pra ficar na memória!














Saí de lá em estado de graça. Duas ausências foram muito sentidas: Freddie Mercury e John Deacon. Fiquei pensando que foi uma pena eu não ter tido a oportunidade de ver os dois ao vivo na época, mas pelo que eu conheço da banda, da filosofia deles, e até do próprio Freddie através das suas letras, “O show tinha que continuar” e está continuando e muito bem! Acredito que o Freddie, de onde quer que esteja, está vendo isso e tá dando aquele sorrisinho sarcástico dele e falando “Que legal, eu queria estar aí também!”. Não tô reproduzindo algo que Brian ou Roger já falaram, mas quem conhece a banda, quem conhece o que Freddie expressava sobre si mesmo através das suas letras, sabe que ele era bem capaz de falar um lance desses. Da mesma forma que acredito que John não seja contra eles estarem fazendo o que estão fazendo. Só é uma pena que ele não tenha aceitado participar. Danny Miranda é um bom baixista e dá conta do recado muito bem, mas John é John, o som do seu baixo é diferente, é algo meio inexplicável, e é estranho ver o Queen na ativa sem ele, por mais espetacular e genuíno que som da banda esteja. Mas enfim, foi a escolha do cara, e respeitar é o que nós devemos fazer.













Foi em partes a realização de um sonho. Não foi a banda que eu ouvia na minha adolescência, a banda com a qual tenho uma ligação emocional da qual eu não consigo explicar, mas de certa forma, mesmo não sendo na sua totalidade, eram eles sim! Brian e Roger fazem parte disso, e eu nunca consegui separar o Queen dos seus 4 membros. Nessa formação com Rodgers, a coisa ficou diferente, mas ainda assim, teve a cara do Queen que eu conheci e adoro! Cada um teve o seu espaço, mostrando os grandes músicos que são e o vigor que ainda tem pra continuar levando o legado pra nova geração que está entregue a porcaria que temos como música nos dias de hoje. E isso não quebrou a minha ligação emocional com essa banda em momento algum, pelo contrário! Só aumentou a minha admiração pelos mesmos! Foi tão emocionante como qualquer coisa feita pela banda ao longo dos seus 35 anos de existência. Uma aula de música, um banho de Rock N´Roll, respeito pelo público e pelos amigos ausentes que escreveram a História dessa banda gloriosa! Foi o melhor show do ano, e quiçá da minha vida! Valeu a pena cada centavo e cada momento de espera! E que voltem mais vezes, pois assistir esses caras, nunca será demais!
Deus Abençoe a Rainha! (God Save The Queen!)
DADOS DO SHOW:

DIA 29/11/2008
LOCAL: HSBC ARENA - BARRA DA TIJUCA - RIO DE JANEIRO
DURAÇÃO: 2 Horas e 30 Minutos.
SET-LIST:
1) Intro + Hammer to Fall
2) Tie your mother down
3) Fat Bottomed Girls
4) Another one bites the dust
5) I want it all
6) I want to break free
7) C-Lebrity
8) Surfs Up... Schools Out
9) Seagull (Paul Rodgers/Bad Company)
10) Love of my life (Brian May)
11) 39 (Todos, menos Paul)
12) Solo de Baixo (com Roger Taylor)
13) Solo de Bateria (Roger Taylor)
14) I´m in love with my car (Roger Taylor)
15) A Kind of Magic (Roger Taylor)
16) Say it´s not true (Roger, Brian e Paul)
17) Feels like making love (Paul Rodgers/Bad Company)
18) We belive
19) Solo de Brian May / Bijou (Freddie Mercury no telão)
20) Last Horizon (Brian May)
21) Under Pressure (Todos, menos Paul)
22) Radio Ga Ga
23) Crazy Little Thing Called Love
24) The Show Must Go On
25) Bohemian Rhapsody (Freddie Mercury no telão)
26) Cosmos Rocks
27) All Right Now (Free)
28) We Will Rock You
29) We are the champions
30) God Save The Queen