sexta-feira, 20 de junho de 2008

DVD CLASSIC ALBUMS: QUEEN - A NIGHT AT THE OPERA

Saudações a todos! Já faz um tempo que não atualizo o cantinho. Pois é, a “vida real” me impediu por um tempo de dar uma moral pra esse espaço aqui. Nada que não possa ser corrigido nesse momento, ainda mais com o assunto que estou trazendo.

Há uns 5 ou 6 anos, foi lançado no mercado de dvds uma série entitulada de “Classic Albums”, contendo títulos das mais diversas bandas e artistas e trazendo no seu conteúdo um documentário sobre um determinado album específico que se tornou um clássico na história da música. Esse documentário é um tipo de “making off” do disco, com os artistas dando depoimentos sobre a gravação e criação das músicas, mostrando como elas foram feitas no estúdio, truques que usaram para gravar e etc. Também participam dos depoimentos pessoas ligadas aos artistas, como produtores, jornalistas especializados em música, outros músicos e etc.

Os títulos lançados dessa série de dvds são os mais diversos, como o “Nevermind” do Nirvana, “Goodbye Yellow Brick Road” de Elton John, “Dark Side of the moon” do Pink Floyd, “Eletric Lady Land” de Jimmy Hendrix, “Who´s Next” do The Who, “The Number of the Beast” do Iron Maiden, “British Steel” do Judas Priest, “Machine Head” do Deep Purple, “Black Album” do Mettalica, “Joshua Tree” do U2, “Rumors” do Fleetwood Mac, “Songs in the key of life” de Stevie Wonder, “Graceland” de Paul Simon, “Catch a fire” de Bob Marley e The Wailers, entre outros títulos.

Comecei a comprar essa série de dvds há alguns anos e particularmente adorei todos os que adquiri dos artistas de minha preferencia, em especial o “Machine Head” do Purple, “Dark Side” do Floyd, “Eletric Lady Land” do Hendrix e claro, “Who´s Next” do The Who. Mas a aquisição mais recente que fiz e que me deixou mais encantado por uma banda que sempre tive mais do que uma admiração, foi o “A night at the opera” do Queen.

Nunca escondi minha paixão pelo Queen de ninguém, ainda mais dessa fase inicial da banda, que ao contrário do que muitos acham, na minha opinião, foi a melhor coisa já produzida pela banda ao longo dos seus 30 e poucos anos de carreira. Sim amigos, as músicas que quase ninguém conhece, feitas nos anos 70, apreciadas pelos fãs antigos de classic rock, e que na verdade, sempre foi a alma do Queen, que faz as pessoas se apaixonarem por toda a banda, quebrando aquela visão unificada de “Freddie Mercury – O grande cantor” ou “Freddie Mercury – O showman”. Claro que essas características sempre estiveram entranhadas em Freddie, e ninguém nega isso. Mas Freddie Mercury era muito mais do que isso, muito mais mesmo! Mas o que muitas pessoas, ou melhor, o populacho dos anos 80 pra quem a banda passou a fazer música, nunca conseguiu enxergar a figura de Brian May, Roger Taylor e John Deacon por trás de Freddie. Vejam bem, não estou falando mal dele, longe de mim! Era um grande cantor, um grande showman e um grande músico e compositor. Porém, apesar dele se destacar mais do que os outros por razões óbvias que fizeram dele um verdadeiro deus nos palcos, quase ninguém parou pra enxergar a genialidade musical do próprio Freddie e nem que o Queen não se resumia a ele, mas sim a 4 indivíduos bem distintos que faziam um som fantástico e que ficou extremamente marcante na história da música. Desde o primeiro disco, gravado em 1973, os caras apresentaram um estilo de Rock que era uma mistura de Jimmy Hendrix e Beatles na fase final, com um crescente e peculiar estilo que também envolvia Jazz e Blues. Como eu disse, esse estilo se manteve até o album “The Game” de 1979, onde a banda já começava a mesclar um som comercial que se ampliaria totalmente nos anos 80, distanciando a banda das raízes e aumentando cada vez mais o seu público. Não que essa fase não seja boa, mas nem se compara aos “The Early Years”, que sinceramente, foram dourados! Enfim, deixando essas questões pessoais de gosto de lado, vamos ao que interessa. Esse dvd do “Classic Albums – Queen: A night at the opera” é simplesmente uma obra de arte! Sem dúvidas, esse disco marcou a história da banda, trazendo pérolas da carreira deles como “Love of my life” e “Bohemian Rhapsody”, ambas presentes em todos os shows da banda e com performances únicas de Freddie Mercury, autor das duas. Também conta com “39”, um country muito gostoso de temática bem diferente e deliciosa de se ouvir até hoje na voz e no violão de Brian May, que também registrou nesse disco a belíssima “Good Company”, com arranjos de banjo e uma mistura de Jazz dos anos 20 com reproduções de metais feitas em sua guitarra. Falar na guitarra de Brian May é chover no molhado, e nesse disco, ele abusa da criatividade nos arranjos, fazendo o instrumento soar como metais e teclados em diversos momentos, e os ouvidos leigos e desatentos vão jurar de pés juntos que não é guitarra. Além de um excelente guitarrista e compositor, ele canta muito, tem uma voz linda! E é obra de Brian o fechamento do disco, que a partir dessa época, passou a fechar todos os shows da “Rainha”. O hino nacional inglês, "God Save The Queen", numa versão instrumental de guitarra com 1 minuto e 12 segundos de duração, mostra como um guitarrista regeu uma orquestra com um único instrumento em diferentes tons, tendo apenas uma bateria de cozinha. Brilhante é pouco! Roger Taylor também deixou sua marca com a clássica “I´m in love with my car”, eternamente executada nos shows, com um compasso de valsa 6 por 8, passando toda a paixão que o baterista sentia por carros, fazendo dessa música uma batida muito boa de se ouvir e cantar. John Deacon, o caladão, aquele que quase não falava e pouco escrevia músicas na banda, mas tinha uma marca única no baixo, deixou sua marca com o hit “You´re my best friend”, uma bela canção pop, dedicada para sua esposa. E claro, Freddie Mercury, que começa o disco detonando com o antigo empresário da banda, com várias mensagens na fantástica música de abertura “Death on two legs”, imendando num belo blues de “Lazing in the Sunday afternoon” e uma bela jam de Jazz clássico em “Seaside Rendezvous”. Além dessas três, Freddie ainda compôs “Love of my life”, uma das músicas mais lindas da história, sempre cantada em uníssono por multidões no mundo todo, e claro, a música mais extraordinária de todos os tempos: “Bohemian Rhapsody”.

Na boa, falar de “Bohemian Rhapsody” pra mim é complicado. Como fã de música em geral, me atrevo a dizer que nunca vi uma obra de arte mais criativa que essa. É minha canção favorita de todos os tempos! Só essa música levou 3 semanas pra ser gravada. E naquela época (e nos dias de hoje também), ninguém lançaria uma música de 6 minutos como single. Mas a gravadora Elektra e a EMI não tiveram medo e lançaram a música nas rádios e ela implacou como hit número 1 na Inglaterra e EUA. A música em si chama atenção por tudo. Os vocais combinados de Roger, Brian e Freddie gravados em 3 canais diferentes e sem efeito, como se uma ópera estivesse começando. E a dissertação da odisséia do menino na letra, até ela começar de verdade a partir do verso “anyway the wind blows, doesn´t really matter to me...” (onde quer que o vento sopre, realmente não importa pra mim). E aí vem aquela melodia linda e triste, com o impactante verso que todos adoram cantar: “Mama, just killed a man, put a gun against his head, pulled my trigger now he´s dead.” (Mãe, eu matei um homem, pus uma arma na cabeça dele, puxei o gatilho e agora ele está morto). Enfim, a música se desenvolve numa tristeza, e ao mesmo tempo num senso de desespero por libertação, alguém que quer se livrar de alguma culpa ou algo que não pode assumir. Nas entrelinhas, pode-se ler Freddie desabafando sobre si mesmo e suas escolhas e opções como homossexual e a vida de super estrela. Perto do final do primeiro ato da música, vem a guitarra de Brian May, chorando e expressando a emoção cantada em toda a melodia da música. No segundo ato, aquela opereta maravilhosa lembrando as clássicas óperas italianas. Destaque para o entrosamento vocal, perfeito em todo disco e em especial nessa música. Findado o segundo ato, hora do Rock N´ Roll, mantendo um rítmo frenético de libertação e expressão de sentimento. Lindo riff de Brian May na guitarra, mas escrito por Freddie Mercury no piano. E a música acaba como começou, na calmaria, tendo então contagiado a fundo o seu ouvinte. É uma música reconhecida por qualquer um, em qualquer lugar. Inevitável não associá-la ao Queen, apesar de músicas que seriam feitas posteriormente a essa se tornariam tanto ou mais famosas e executadas (como “We will rock you” e “We are the champions”), “Bohemian Rhapsody” apresenta o Queen no ápice da sua genialidade musical e eleva não só o disco “A night at the opera”, mas também a banda ao patamar de gênios da música. É uma coisa que não vemos a toda hora e que para o bom apreciador de música de qualidade, vale a pena. Segue o link com o vídeo da música, que também se tornou um clássico na época e até os dias de hoje: http://www.youtube.com/watch?v=irp8CNj9qBI

O dvd “Classic Albums” mostra tudo isso. Podemos nos deliciar com os depoimentos e histórias que Brian May e Roger Taylor contam, podemos ver o produtor Roy Thomas Baker sentado na mesa de som, contando os bastidores da gravação e mostrando os efeitos das músicas em cada canal. Podemos ainda ver depoimentos de Joe Perry (Aerosmith), Nuno Bittencourt (Extreme) e Ian Hunter (Mott The Hopple) sobre a banda, e claro, depoimentos gravados de Freddie antes do seu falecimento. Nos bonus do dvd, temos Brian May tocando e cantando “39” e “Love of my life” com seu violão, e nesta última, tem um “dueto” com Freddie muito legal!

A série “Classic Albums” acertou em cheio ao fazer essa produção com o Queen, mais do que merecida! Aliás, toda a série é de se tirar o chapéu, pois o reconhecimento e a produção dos trabalhos clássicos que ela expôs é digna de qualquer colecionador, fã ou simples apreciador de boa música. Portanto, minha atual recomendação é esse dvd. E não está custando caro! É possível encontra-lo em lojas populares como as Lojas Americanas e até mesmo na internet na faixa dos R$15,00. Preço bom e produto de qualidade! Não perca tempo, vale a pena!!!